A vacina sino-brasileira vem encontrando obstáculos para sua aprovação emergencial
Amanda Perobelli/Reuters – 22.12.2020
Como mostra reportagem do R7, há algo de muito estranho ocorrendo no processo de aprovação da vacina sino-brasileira desenvolvida pelo laboratório Sinovac e o Instituto Butantan. No meio do caminho está a Anvisa, feito uma pedra que insiste em se manter impávida ao colocar obstáculos para a liberação emergencial da CoronaVac.
Há controvérsias, baseadas em evidências. Para quem está preocupado em salvar vidas, inclusive a própria, entrar nessa disputa sobre quem dará a largada na imunização em massa em nosso país é perda de tempo e neurônios quando ultrapassamos mais de assombrosos 200 mil mortos pandemia.
Com todo respeito à inteligência alheia, mas nós, cidadãos, não devemos cair na armadilha de politizar imunização em massa ou estimular algum separatismo vacinal, como temos visto em comentários de redes sociais.
Não deveríamos estar observando algo que aproxima nossos governantes da imoralidade pública, para não usar termo mais grave. Enquanto cerca de 50 países iniciaram há semanas seus calendários de vacinação – e a Indonésia acaba de aprovar o uso emergencial da nossa vacina –, por aqui, assistimos a uma gincana de má vontade e guerra política que pessoas conscientes devem tratar com o devido desprezo.
A lentidão que tem notabilizado o Brasil em aprovar o uso emergencial (palavra derivada de emergência, não custa destacar) de imunizantes para a Covid-19 também nos permite aventar um tratamento diferenciado para a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca, ambas do Reino Unido – cujo processo burocrático (e técnico) não vem sofrendo estagnações exasperantes.
Não podemos agir como plateia diante de uma disputa. A cobrança por celeridade e responsabilidade é um dever cívico. Temos urgência.
A vacina é de todos os brasileiros – este deveria ser nosso único lema no momento.