<img src=’https://img.r7.com/images/adolescente-celular-26092023151317171′ /><br />
Um estudo divulgado pela organização sem fins lucrativos Common Sense Media revelou que crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos recebem 237 ou mais notificações em seu celular todos os dias. Há casos, porém, em que o número chega a 5.000 em um período de 24 horas. Os dados preocupam especialistas, já que o cérebro desses indivíduos ainda está em desenvolvimento.
Veja também
Saúde
Anvisa libera injeção emagrecedora para adolescentes acima de 12 anos
Saúde
Um terço dos homens é portador do vírus do HPV
Saúde
Injeção recém-aprovada pela Anvisa tem efeitos comparáveis aos da cirurgia bariátrica
O documento mostrou ainda que cerca de um quarto (23%) das notificações chegou durante o horário escolar, período em que os participantes do estudo utilizaram o smartphone por um tempo médio de 43 minutos.
Os resultados evidenciaram também que os adolescentes verificavam seu smartphone, em média, mais de cem vezes por dia.
As principais distrações desses jovens nos celulares são redes sociais, como TikTok, Snapchat, Facebook, Instagram e Discord, segundo o estudo.
O TikTok domina o dia de jovens entre 11 e 17 anos, de acordo com a pesquisa. O tempo gasto no aplicativo é de quase duas horas em um dia normal, mas chegou a sete horas para alguns participantes.
"Os smartphones se tornaram uma força sempre ativa e às vezes perturbadora na vida dos jovens", diz a médica Jenny Radesky, do Hospital Infantil C.S. Mott da Universidade de Michigan, codiretora médica do Centro de Excelência da Academia Americana de Pediatria em Mídias Sociais e Saúde Mental Juvenil e autora do relatório.
As atualizações constantes durante o dia nem sempre se limitam ao período de vigília. O estudo constatou que o excesso do uso de smartphones pode prejudicar o sono dos adolescentes — 59% deles estavam online entre 0h e 5h.
Memória e atenção podem ser prejudicadas em adolescentes que usam excessivamente o celular
Freepik
Efeitos nocivos para o cérebro
Os resultados da pesquisa foram vistos com preocupação por especialistas ouvidos pela rede de TV norte-americana NBC News.
Para o médico Benjamin Maxwell, diretor interino de psiquiatria infantil e do adolescente do Rady Children’s Hospital-San Diego, o "ambiente altamente estimulante" das redes sociais pode ter efeitos danosos em indivíduos cujo cérebro ainda está em formação.
Segundo ele, esse excesso pode afetar "a capacidade cognitiva, a capacidade de atenção e a memória das crianças durante um período em que o cérebro delas ainda está em desenvolvimento".
Maxwell também destaca o fato de não haver estudos sobre os efeitos disso a longo prazo.
"Os jovens precisam de mais apoio de familiares e educadores, bem como de barreiras de proteção claras por parte dos tecnólogos que estão intencionalmente projetando esses dispositivos para serem viciantes, em detrimento do bem-estar das crianças", comenta o fundador e CEO da Common Sense Media, James Steyer.
Em um artigo publicado na revista científica Frontiers in Psychiatry, Yehuda Wacks e Aviv Weinstein, do Departamento de Ciências do Comportamento da Universidade Ariel, em Israel, revisaram as evidências existentes sobre os efeitos do uso excessivo de smartphones na saúde física e mental de adolescentes e jovens adultos.
"O uso excessivo do smartphone tem sido associado a funções cognitivas prejudicadas e problemas de saúde mental. Existem descobertas únicas sobre a associação entre a utilização de smartphones, a necessidade de estimulação constante, os déficits no funcionamento cognitivo cotidiano e as alterações cerebrais que deverão enviar sinais de alarme aos médicos e educadores do mundo moderno", escreveram os autores.
Eles também associam esse excesso à impulsividade, dependência das redes sociais, timidez e baixa autoestima.
"Os problemas médicos incluem problemas de sono, redução da aptidão física, hábitos alimentares pouco saudáveis, dores e enxaquecas, redução do controle cognitivo e alterações no volume de massa cinzenta do cérebro", concluem.
Veja 7 dicas para melhorar o sono das crianças sem remédio