Butantan aumentou produção de vacina da gripe para 60 mil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A combinação de inversão térmica, com baixas temperaturas em pleno verão, com grande aglomeração de pessoas, provocada pelo Carnaval, resultou em um aumento precoce da circulação do vírus da gripe na região Sudeste, de acordo com especialistas. 

No Hospital São Luiz, por exemplo, que dispõe de cinco unidades na cidade de São Paulo, o número de internações relacionadas à gripe aumentou 15%, segundo Raquel Garcia, infectologista da unidade Morumbi, na zona oeste.

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“Houve um aumento de internações por causa de infecções secundárias. Nos Estados Unidos, estão ocorrendo casos graves de gripe, principalmente com pneumonia secundária, que é o que está acontecendo com pessoas gripadas no Brasil. As pessoas estão evoluindo com pneumonia secundariamente ao quadro viral”, afirma.

Desde o início do inverno nos Estados Unidos, em novembro do ano passado, cerca de 60 mil casos de gripe pelo H3N2 foram registrados naquele país. Os Estados Unidos vivem uma epidemia de gripe de uma variação do vírus H3N2.

A epidemia, considerada a mais grave desde a gripe suína de 2009, atinge 49 dos 50 Estados americanos – a exceção é um arquipélago, o Havaí. Crianças e idosos são os mais afetados – 20 crianças já morreram.

Predominância do H3N2 no Brasil

O último boletim do Ministério da Saúde sobre a situação da gripe no Brasil aponta que, até 10 de fevereiro, foram registrados 35 casos de gripe pelo vírus influenza em todo o país, com três mortes. Do total, 15 casos e três óbitos foram por H3N2.

Em relação ao vírus H1N1, foram registrados dois casos. Além disso, foram registrados 12 de influenza B e outros 6 de influenza A não subtipado.

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A predominância do vírus H3N2 no momento, no país, chama a atenção, porém o boletim não precisa se se trata da variante que está circulando nos Estados Unidos. Já a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), informou que não há evidências de que o vírus influenza A (H3N2) v (variante) esteja circulando na cidade de São Paulo.

No ano passado, o vírus de maior circulação no país foi o H3N2, segundo dados da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), e a campanha de vacinação foi antecipada.

Vírus do Hemisfério Norte

O infectologista Luiz Fernando Aranha, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que todo ano o vírus que circula no inverno Hemisfério Norte costuma chegar ao Hemisfério Sul no fim do verão, o que equivaleria a meados de março. “Geralmente o vírus é o mesmo ou muito parecido, e as vacinas aqui também são feitas com base nos vírus que estão circulando no Hemisfério Norte e que devem chegar aqui”, afirma.

A infectologista Nancy Bellei, professora da Unifesp, afirma que tem se observado que as epidemias de gripe no Brasil têm sido cada vez mais precoces – o esperado é a partir de abril, quando, inclusive começam as campanhas de vacinação.

Ela explica que o vírus H3N2 tem alta mutabilidade, o que interfere na eficácia da vacina. “Já os sintomas são os mesmos de qualquer gripe. O que muda é a complicação, principalmente em indivíduos de extremidade, ou seja, idosos e crianças, nos quais a pneumonia se associa com mais frequência”. 

Instituto Butantan aumenta produção de vacina

Aranha explica que a gripe H3N2 é causada pelo vírus influenza. O vírus influenza tem diversos subtipos. Eles variam de acordo com a composição da proteína presente em sua superfície. Não é um vírus novo: ele vai passando por mutações todos os anos.

O H3N2 é uma mutação do H1N1, e isso acontece ao acaso na natureza. O H3N2 tem alta transmissibilidade: mesmo uma pessoa no fim da gripe, apresenta grande capacidade de transmissão do vírus.

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, David Uip, não há previsão de antecipação da campanha de vacinação contra a gripe em São Paulo. “Precisamos aguardar a disponibilização da vacina pelo Ministério da Saúde. O que nos preocupa é que nos Estados Unidos houve número de casos importante, mas o Instituto Butantan aumentou a produção de vacinas contra gripe de 40 mil para 60 mil este ano, o que vai ajudar”, afirma. “Nós não temos quadros clínicos exuberantes, mas é questão de tempo, vai chegar aqui”, conclui.

Raquel ressalta a importância de tomar a vacina todos os anos. “Não é porque vacinou em 2017 que estará imune em 2018, pois o vírus sofre mutação, e as vacinas são feitas de acordo com o vírus esperado. De um período para outro, a vacina ajuda a melhorar a enfrentar outros vírus. A imunidade passada vai melhorando a futura”, diz.

“Além da vacina, a melhor forma de se prevenir é lavar as mãos. O vírus fica vivo em um ambiente por até 72 horas”, completa.

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