Pavor da agulha pode ter em suas origens a conotação de punição
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Com a vacinação contra a covid-19 em andamento no país, muitos têm que lidar com o medo de injeção para garantir a proteção contra a doença. O pavor de agulha pode causar crise de ansiedade aguda, tontura e até desmaios, segundo especialistas. 

A psiquiatra Maria Francisca Mauro explica que quem tem medo enxerga a agulha como uma ameça. “É um medo irracional. O nível de percebeção de ameaça se diferencia. Alguns relatam que sentem medo da dor, de serem machucados, de se sentirem vulneráveis, daquela perfuração levar a alguma contaminação mesmo com o material esterilizado ou de acharem que estão sendo invadidos pela agulha”, diz. 

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O psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME), afirma que o pavor de agulha está associado a um medo intenso, “como se a agulha fosse a punição de algo”. “Está ligado a uma conotação negativa, por exemplo, uma mãe que fala para a criança que se ela fizer algo errado tomará uma injecção. Outro ponto é associar a injeção a uma questão hospitalar e tratar questões hospitalares como ruins. Cria-se, então, uma distorção de que a injeção é algo ruim, podendo desenolver uma fobia, medo tão intenso que pode levar a pessoa a passar mal”, afirma.

A psiquiatra ressalta que o pavor pode estar relacionado a um evento traumático ligado à agulha ou até a um momento de maior ansiedade. “Portanto, quem tem fobia não deve tratar isso como frescura ou fraqueza”, diz. 

Para contornar o problema e conseguir ser vacinado contra a covid, o psicólogo orienta a procurar entender como surge esse medo e tentar racionalizar. “Se acostumar com a ideia de que a vacina é um bem muito grande e que fará bem, ao invés de associá-la a uma punição”, afirma. Ele destaca que a terapia ajuda a compreender o medo e a enfrentá-lo. 

A psquiatra reforça que a fobia não pode ser impedimento para tomar vacinas e que é possível “deixar de sentir esse medo exacerbado”. Entre as dicas, ela indica ir acompanhado de alguém com quem se sinta protegido e avisar a equipe médica sobre sua dificuldade em lidar com a agulha, pois muitos locais contam com áreas específicas para esses casos. 

“Procure realizar o procedimento em um dia sem outros fatores que o deixe estressado ou desequilibrado, como dormir bem, não estar com fome e ter um espaço de tempo para realizar o procedimento”, acrescenta. 

Ela ainda orienta a fechar os olhos, respirar de forma pausada e profunda, enquanto segura a mão de alguém. “Expor-se a essa dificuldade vai aumentando a confiança e a percepção de que nada de grave ou ruim aconteceu. Isso se chama dessensibilizar uma pessoa para aquele estímulo até que sua mente a processe não mais como uma ameaça”, explica.

Nos casos mais extremos, em que a fobia impede que se realize um procedimento necessário, Maria Francisca enfatiza que pode ser preciso um suporte com medicamentos para atenuar o desconforto emocional, que leva até a sintomas físicos, como desmaios. 

“No caso de desmaio, existe a percepção de uma ameaça iminente. O corpo desencadeia uma resposta hormonal exacerbada. Níveis maiores de cortisol podem atuar no centro de controle da pressão arterial e desencadear uma queda brusca de pressão e batimentos cardíacos. Conhecida como resposta vasovagal, essa mudança de controle da pressão pode ser atenuada se o procedimento for realizado com a pessoa deitada e de olhos fechados”, explica.

Para ajudar crianças a perderem o medo de vacina, a psiquiatra recomenda a não associar injeção a castigo. “Elas devem se sentir acolhidas na sua dor e confortadas durante o procedimento. Nunca associar vacina ou injeção a uma punição ou castigo”, finaliza.

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