Segunda onda do coronavírus fez Piñera dividir a eleição em dois dias
Presidência do Chile / Divulgação via EFE – EPA – 12.3.2021
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, promulgou neste domingo (14) uma lei permitindo que as eleições de 11 de abril para cargos municipais, regionais e constituintes, sejam divididas em dois dias, medida que visa evitar novos casos em meio ao agravamento da segunda onda da pandemia da covid-19.
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As eleições em que chilenos elegerão governadores regionais — cargo que será decidido pela primeira vez nas urnas, já que agora são indicados pelo presidente —, prefeitos, vereadores e constituintes para redigir uma nova Constituição serão realizadas desta forma em um sábado e domingo e os cidadãos poderão escolher em qual dia votar.
“Dada a existência de quatro eleições e mais de 15,4 mil candidatos, o ato de votar levará três ou mais vezes o tempo necessário para votar no plebiscito de outubro. Consequentemente, em um único dia todos os cidadãos simplesmente não teriam podido votar”, disse o presidente.
Tempo de votação
Pelos cálculos do governo, o tempo médio de votação em uma eleição é de 1 minuto, mas no chamado “super domingo” seria de 4 minutos, pois são muitas cédulas que o eleitor terá de lidar e é muito tempo que previsivelmente permanecerão nas mesas de votação.
“É a eleição com o maior número de candidatos na história do Chile”, acrescentou Piñera, explicando que haverá uma única contagem de votos no domingo e que as urnas serão lacradas e guardadas durante a noite de sábado pelas Forças Armadas.
O Chile, que hoje registrou pelo quarto dia consecutivo mais de 5 mil novos casos e já totaliza 891.110 infectados e 21.674 mortes por covid-19 em um ano, está imerso em uma segunda onda após as férias de verão, com a capital Santiago confinada no final de semana e com grandes cidades como Valparaíso e Concepción em quarentena total também durante a semana.
“Para fortalecer a nossa democracia, convido sinceramente a todos os cidadãos a participarem nas eleições no sábado, 10 e no domingo, 11 de abril. E faço um apelo muito especial aos idosos”, insistiu o presidente.
Com 78,2% dos votos, o Chile decidiu em plebiscito em outubro do ano passado substituir a atual Constituição, herdada da ditadura militar de Augusto Pinochet e criticada nas graves manifestações de 2019, por promover a privatização de serviços básicos.
Uma convenção constitucional composta por 155 membros, com paridade de gênero — algo inédito no mundo — e representação indígena, se encarregará de redigir o novo texto.