Michel Temer retirou ceratose, próxima ao olho esquerdo, na última quinta-feira
Fotos públicas / Cesar Itiberê
Parece verruga, mas não é. Definida como uma alteração superficial na pele, uma ceratose perto do olho esquerdo incomodou o presidente Michel Temer na semana passada.
Ele passou por um procedimento de retirada da lesão na última quinta-feira (12) no Serviço Médico da Câmara dos Deputados.
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Segundo o dermatologista Murilo Drummond, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a ceratose pode se assemelhar a uma verruga, mas são diferentes manifestações da pele.
Enquanto a ceratose é uma alteração na camada córnea da pele, ou seja, a parte mais superficial, as verrugas são uma manifestação do papiloma vírus humano (HPV) e são transmissíveis por meio do contato.
A ceratose se apresenta de diferentes formas: com escamações na pele, deixando a pele com aparência envelhecida, ou como manchas arredondadas de cor amarronzada. Pode aparecer em todo tipo de pele e em qualquer idade.
Há três tipos de ceratose, a actínica, a seborreira e a pilar. A actínica é causada pelo sol e aparece, geralmente, em áreas expostas, como rosto, braços e mãos, podendo ser pré-malignas e evoluir para câncer.
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Já a ceratose seborreica se manifesta por meio de manchas arredondadas, em sua maioria, com coloração marrom, podendo apresentar volume ou não. Podem aparecer no rosto e no tronco e são de caráter genético, não apresentando riscos à saúde.
Eletrocauterização retira ceratose
A dermatologista Ursula Metelmann, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a forma mais rápida de eliminar uma ceratose é por meio de eletrocauterização, também conhecida como “bisturi elétrico”. Com uso de anestesia atópica – geralmente em creme – é feita uma pequena incisão na pele. “Provavelmente Temer passou por essse procedimento”.
Há ainda outros tratamentos. A cauterização química, utilização de ácido, e a crioterapia, congelamento à base de nitrogênio líquido. Ambos queimam a lesão. “Forma-se uma crosta que cai em média em uma semana”, explica. O tratamento precoce da ceratose actínica pode prevenir que a lesão evolua para um câncer.
De acordo com Ursula, a ceratose pilar pode ser confundida com acne, pois se caracteriza por manchas pequenas avermelhadas ou esbranquiçadas ásperas. Ela explica que ocorre por um acúmulo de queratina, proteína que forma a pele e os pêlos. “Aparecem principalmente nos braços, pernas e bochechas. A ceratose pilar não tem tratamento”, diz.
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Diferentemente das ceratoses, as verrugas surgem na pele apenas por meio da transmissão de uma pessoa para outra ou por meio de roupas, toalhas, lençois e objetos pessoais contaminados. “São mais comuns na infância porque crianças ainda não têm o sistema imunológico totalmente desenvolvido e apresentam menor higiene nas mãos”, afirma a dermatologista.
Verruga é altamente transmissível
Segundo ela, o local da contaminação pode ser indicado por meio de onde aparece a verruga.”Roupas, toalhas e lençois limpos não transmitem a verruga”, explica.
Entre os tipos mais comuns de verruga está a plantar, popularmente conhecida como “olho de peixe”. Muitas vezes confundido com calo por conta de seu aspecto áspero, o “olho de peixe” aparece nos pés e tem crescimento para dentro da pele.
Já as verrugas periungual e subungual acometem a região das unhas, sendo a primeira ao redor delas e a segunda, abaixo. Essas verrugas costumam provocar crescimento irregular e ondulações nas unhas, segundo Ursula.
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As verrugas comuns podem aparecer em qualquer local do corpo e têm aspecto arredondado e áspero e não oferecem risco à saúde.
Mas as verrugas genitais necessitam de atenção, pois podem indicar doença sexualmente transmissível (DST) ou ser precursoras de câncer de colo de útero ou câncer de pênis.
De acordo com a dermatologista, apesar de não apresentarem riscos e, normalmente desaparecerem naturalmente em dois anos, é recomendado que seja feito o tratamento das verrugas para evitar a transmissão.
Tentar arrancar verruga traz riscos
Os dermatologistas ressaltam que o paciente não deve tentar tirar a verruga sozinho, pois poderá provocar uma lesão maior ainda. O tratamento para eliminar verruga é similar ao de ceratose, por meio de cauterização química ou crioterapia.
O tratamento elimina a verruga, mas o vírus do HPV permanece no corpo. “Quem tem verruga e trata não fica imune a uma nova contaminação, pois existem mais de 400 tipos desse vírus”, afirma.
A dermatologista explica também que um número elevado de verrugas pode ser sinal de doença imunossupressora, que diminui a eficiência do sistema imunológico, e requer investigação. “Caso a verruga apresente lesões que sangram, não cicatrizam, têm cores diferentes e bordas irregulares podem ser câncer de pele”, explica.
Ela ainda ressalta que quanto maior o número de verrugas, menor a resistência ao vírus HPV. “Sempre que aparecer uma verruga, a pessoa deve procurar um médico, porque ela é muito transmissível. Ao segurar no metrô, dar um aperto de mão ou enxugar a mão em uma toalha, a pessoa a estará transmitindo”, afirma.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini