O cantor sente forte dores na coluna e dormência nas pernas
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A hérnia de disco é uma lesão que acomete principalmente a área lombar e cervical, e foi o que levou o cantor Wesley Safadão a cancelar sua agenda de shows até o dia 6 de julho e se manter afastado dos palcos.

O professor e chefe do Departamento de Ortopedia, Reumatologia e Traumatologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Rodrigo Pagnano, explica que a coluna vertebral é composta de várias vértebras sobrepostas uma à outra e entre elas há uma estrutura chamada disco intervertebral. 

Esse disco é formado por um núcleo gelatinoso, que é protegido por um tecido fibroso. Quando esse tecido se rompe e o núcleo “vaza” por completo, ocorre o que é chamado hérnia discal ou hérnia de disco.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um em cada cinco adultos sofre de algum problema crônico de coluna no Brasil. 

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O problema do cantor Wesley Safadão está localizado na lombar, entre a terceira e a quarta vértebras, e em um estágio em que há compressão dos nervos e estreitamento do canal vertebral. O artista relatou fortes dores na coluna e dormência nas pernas.

Devido aos sintomas, foi direcionado para um tratamento intenso e repouso até uma nova avaliação médica. Nesta sexta-feira (1º), ele compartilhou com seus seguidores as notícias da alta do hospital e do controle das dores, mas ainda permanecerá em repouso em casa.

O especialista destaca que o processo de degeneração discal, por si só, já causa dor. Entretanto, quando o paciente começa a apresentar quadros de compressão dos nervos, a dor passa a ser irradiada para outros membros.

Como o artista está com inflamação na região lombar, as dores são direcionadas aos membros inferiores, como pernas e pés, em conjunto com outros sintomas.

“Pode ter um quadro de dor irradiada, como pode ter dormência, formigamento. Em casos mais graves, o paciente chega até a ter uma fraqueza muscular; então, até os movimentos podem estar comprometidos”, orientou o professor.

A compressão de nervos e o estreitamento do canal vertebral causam dor
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Outro fator que pode influenciar o aumento da dor é o quadro de estreitamento do canal vertebral, que também comprime os nervos.

“[O estreitamento] causa dor mesmo, mas pode também dar essa dor irradiada e, dependendo da posição da pessoa, piora ou melhora a sensação de formigamento e de dor nas pernas”, acrescentou Pagnano.

O ortopedista ressalta, porém, que essa ocorrência não é exclusiva de quem é diagnosticado com hérnia discal e que eventualmente todas as pessoas podem sofrer com esse estreitamento.

O agravamento do quadro clínico do artista, segundo Pagnano, pode ter sido motivado por uma sobrecarga de trabalho.

“Provavelmente ele nunca teve uma pausa para fazer um tratamento bem-feito. Não adianta só tomar uma medicação se não fizer uma reabilitação com o fisioterapeuta e com o profissional [indicados]”, advertiu o professor.

Fatores de risco para hérnia discal

A hérnia de disco é mais comum na faixa etária de 20 a 50 anos e em pessoas do sexo masculino. A partir dessa idade, as lesões se tornam degenerativas e estão ligadas ao envelhecimento. 

Além disso, há fatores que podem influenciar a lesão, como sedentarismo, excesso de atividade, ficar muito tempo sentado e esforço repetitivo.

A hérnia de disco também pode ser desenvolvida em consequência de um trauma na área e de carregamento de peso, não pela carga que é deslocada, mas pela forma de carregá-la.

Os exercícios de academia também podem oferecer risco quando feitos sem orientação adequada, pois podem sobrecarregar a coluna e desencadear a hérnia discal.

Tratamento

Na maioria das vezes, o tratamento sem intervenção cirúrgica resolve os quadros, pois nesses casos, de acordo com Pagnano, o processo cirúrgico não é regra, e sim exceção.

A terapia pode utilizar medicamentos para melhorar a dor e, em fases mais agudas, a pessoa pode recorrer ao repouso, mas não por muito tempo. Depois, é necessário iniciar uma reabilitação com fisioterapia.

Há também a possibilidade de a hérnia ser naturalmente reintegrada ao disco intervertebral pelo organismo e devolver o paciente à normalidade.

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“Existe a possibilidade de a hérnia ser reabsorvida ou pelo menos deixar de comprimir o nervo e influenciar aquele processo inflamatório. [Neste caso], o sintoma da pessoa desaparece e é [necessária] só uma manutenção para fortalecimento, alongamento, e com a mudança de hábitos ela fica sem sintomas”, esclareceu o professor.

Segundo o ortopedista, na maioria dos casos as pessoas melhoram em três a quatro meses, ficando sem sintomas. Já aquelas que não se recuperam com o tratamento e ficam com fraqueza muscular ou alterações de sensibilidade podem, em conjunto com um profissional especializado, começar a considerar a cirurgia.

Prevenção

Existem pessoas que vão desenvolver uma herniação, mas convivem normalmente com isso. Vale destacar, no entanto, que é importante saber diferenciar uma dor comum dos sintomas da hérnia de disco.

A dor lombar normalmente dura até seis semanas (um mês e meio). Quando ela continua após esse período, é necessário fazer uma investigação. Nesses casos, é importante realizar uma avaliação completa com um médico e complementá-la com exames como ressonância.

Já a prevenção diária visa reeducar hábitos e incentivar a adoção de orientações ergonômicas, principalmente no local de trabalho. É essencial, por exemplo, evitar o sedentarismo, não permanecer muito tempo sentado, tomar cuidado com posturas erradas, manter uma boa alimentação e não sobrecarregar a coluna.

“Quando for carregar peso, a pessoa não pode levantar, por exemplo, do chão para cima, mexendo só as costas. O ideal seria descer dobrando os joelhos, dobrando as pernas e levantar o peso”, orienta o professor.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Hysabella Conrado. 

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