Juul domina um terço do mercado de cigarro eletrônico dos Estados Unidos
Lucy Nicholson/Reuters
A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) proibiu nesta quinta-feira (23) a venda de todos os cigarros eletrônicos da marca Juul Labs, a mais popular do país, em uma decisão com efeito imediato, de acordo com um comunicado de imprensa da entidade.
A agência reguladora descobriu que a empresa, que teve um sucesso fenomenal e dominou o mercado no fim de 2010 com seus pen-drives vape e recargas de nicotina com sabor de frutas ou doces, não conseguiu demonstrar que o marketing de seus produtos era “apropriado para a proteção da saúde pública”.
Após essa decisão, “a empresa deve parar de vender e distribuir” os produtos para os quais atualmente tem autorização e os que estão nas lojas “devem ser retirados”.
A agência concluiu uma revisão de dois anos dos produtos comercializados pela empresa para garantir benefícios à saúde dos adultos, incluindo ajuda para parar de fumar cigarros tradicionais.
Em 2020, a FDA já havia proibido a comercialização de vapers de refil do tipo Juul com sabores aromatizados, autorizando apenas sabores de tabaco e mentol.
A proibição anunciada nesta quinta-feira demonstra o compromisso da FDA “em garantir que todos os cigarros eletrônicos e outros produtos que fornecem nicotina por meio de um dispositivo eletrônico atualmente no mercado atendam aos padrões de saúde pública”, disse o chefe da agência, Robert Califf.
A FDA não considera que os produtos da Juul apresentem um “risco imediato”, mas acredita que a empresa não forneceu dados suficientes para poder avaliar “os possíveis riscos toxicológicos”.
A Juul Labs anunciou que vai recorrer da medida.
“Discordamos das descobertas e da decisão da FDA e continuamos a acreditar que fornecemos informações suficientes e dados baseados em pesquisas de alta qualidade para abordar todas as questões levantadas pela agência”, disse o diretor regulatório da Juul, Joe Murillo, em comunicado.
“Pretendemos buscar a suspensão [da decisão] e estamos explorando todas as nossas opções no que se refere aos regulamentos e leis da FDA, incluindo apelar da decisão e envolver nosso regulador”, disse ele.
A startup com sede em São Francisco (Califórnia, Oeste) foi acusada de ter desempenhado um papel importante no aumento do vaping entre adolescentes, com anúncios e operações de marketing voltados especialmente para estudantes do ensino médio.
Em 2019, a Juul Labs suspendeu as vendas de refis com sabores populares entre os jovens e prometeu rever sua estratégia de marketing.
Veja também
Saúde
Quase 10% dos adolescentes já experimentaram cigarros eletrônicos, revela estudo global
Saúde
Cigarro eletrônico ameaça arruinar esforços de combate ao fumo
Famosos e TV
Doja Cat passa por operação na garganta por uso excessivo de cigarro eletrônico
Um banimento inseguro
Os produtos da Juul “existem apenas para que os fumantes adultos façam a transição dos cigarros combustíveis”, disse o presidente-executivo KC Crosthwaite no site da empresa. Ele acrescentou que está “trabalhando duro” para reconstruir sua reputação após uma “erosão de confiança nos últimos anos”.
O impacto da decisão da FDA está “longe de ser certo”, dada a probabilidade de um recurso, estimou em uma análise divulgada antes do anúncio a consultoria Goldman Sachs.
“Já existem vários precedentes para a revogação” de ordens desse tipo, especificou ela.
Atualmente, a Juul tem cerca de 36% de participação no mercado de vape dos EUA – eram 70% antes das ações restritivas da FDA sobre cigarros eletrônicos com sabor, de acordo com a nota da Goldman Sachs.
Na terça-feira (21), o governo do presidente democrata Joe Biden anunciou que desenvolveria uma nova política para exigir que os fabricantes de cigarro reduzissem a nicotina a níveis não viciantes.
A empresa de tabaco americana Altria, que detém 35% das ações da Juul Labs, estima que no fim de 2021 a startup valia apenas US$ 5 bilhões.