Clínicas particulares divulgam na internet a falta de vacina
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Vacinas contra a febre amarela chegam às clínicas particulares de São Paulo nesta sexta-feira (23).
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a importação de um lote extra com 69 mil doses da vacina contra a doença em janeiro, e a previsão é que essas doses cheguem aos distribuidores a partir de sexta.
Nos últimos dias, a reportagem do R7 entrou em contato com sete clínicas particulares de vacinação da capital paulista. Todas informaram que estão sem a vacina contra a febre amarela desde janeiro.
Algumas colocaram aviso no site, outras em gravações que tocam automaticamente quando o cliente liga.
O Estado vive um surto de febre amarela desde o ano passado. Desde julho até o momento, são com 208 casos e 57 mortes pela doença.
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De acordo com a Sanofi Pasteur, fabricante de vacinas francesa que fornece o imunizante para clínicas particulares no Brasil, a falta ocorreu devido à complexidade da produção da vacina, que leva até 22 meses para ser preparada. Em nota, a empresa informou que a vacina contra a doença passa por um período de produção longo e complexo.
Como a vacina é um produto biológico feito com micro-organismos vivos, produzir uma dose não é como produzir qualquer outro remédio. Primeiro é preciso cultivar o vírus vivo, em uma forma mais fraca, menos letal, em ovos de galinha. Só depois é que a vacina pode ser produzida.
A Sanofi Pasteur afirmou que busca alternativas par acelerar a produção desde que os primeiros casos de febre amarela foram registrados no Brasil, no ano passado. Sem informar números, a empresa diz que em 2017 a disponibilização de doses foi 300% maior do que em 2016.
Quanto custa a vacina contra a febre amarela?
O valor de todas as vacinas e medicamentos vendidos no Brasil é tabelado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Este é um órgão ligado à Anvisa que define os valores que as indústrias farmacêuticas podem cobrar pelos seus produtos na venda para farmácias, hospitais e distribuidores.
De acordo com a tabela, a indústria pode vender a vacina por R$ 51,67 mais o ICMS, que varia de um Estado para outro.
O valor chega bem mais alto ao consumidor. Nas clínicas de São Paulo o preço varia entre R$ 200 e R$ 250. Quem pode pagar em dinheiro consegue negociar algum desconto. Isso acontece porque cada clínica pode colocar em cima os gastos que tem com serviço e manutenção das doses. Essa cobrança extra é permitida, desde que os custos estejam discriminados na nota fiscal.
De acordo com tabela da CMED, a indústria pode vender a vacina da febre amarela por R$ 51,67 mais o ICMS, que varia de um Estado para outro
Arquivo pessoal
Assim que os primeiros casos apareceram, no ano passado, a assistente jurídica Cecília Nunes, 43, foi orientada pela pediatra da filha a vacinar a criança de 3 anos assim que possível. “Ela mandou uma mensagem para todos os pacientes falando que, embora ainda não houvesse nenhum caso em São Paulo, se pudéssemos tomar a vacina seria bom porque quando aparecessem os primeiros casos na cidade poderiam faltar doses para todos”, conta.
Ela e a filha se vacinaram no dia 31 de março em uma clínica no bairro de Moema, na zona Sul da cidade. Cada dose custou R$ 230. Cecília optou pela vacinação particular porque considera “mais confiável”.
As clínicas particulares não podem vender a dose fracionada de 0,1ml. Só podem ser comercializadas no Brasil as doses completas de 0,5ml.
O fracionamento da vacina contra a febre amarela foi uma decisão do Ministério da Saúde, depois de uma sugestão da OMS (Organização Mundial da Saúde) para que as doses disponíveis pudessem ser aplicadas no maior número possível de pessoas.
De acordo com a OMS, uma dose fracionada protege uma pessoa por, pelo menos, oito anos.