Mudança ocorre no momento em que França enfrenta dificuldades para obter vacinas
Olivier Chassignole/AFP
A HAS (Alta Autoridade de Saúde da França) recomendou, nesta sexta-feira (12), que pessoas que já tiveram covid-19 recebam apenas uma dose de vacina, em uma sinalização contrária ao que vem sendo defendido por agências internacionais, fabricantes e pela própria OMS (Organização Mundial da Saúde).
Há duas exceções: pessoas imunossuprimidas (doentes crônicos, pacientes oncológicos, entre outros) e indivíduos que tiveram covid-19 depois de receber a primeira dose. Estes últimos devem receber a segunda dose entre três e seis meses após a infecção.
A autarquia já havia anteriormente adotado uma diretriz de vacinar pessoas recuperadas da covid-19 somente três meses após o diagnóstico. Agora, passou a sugerir “de preferência, seis meses” e com dose única.
A mudança tem como base estudos que comprovam que a imunidade conferida pela infecção pelo coronavírus dura pelo menos três meses, mas não encontra respaldo nos estudos iniciais feitos pelos desenvolvedores das vacinas usadas no país: AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Moderna.
“As pessoas que já foram infectadas mantêm uma memória imunológica. Isto leva o HAS a oferecer apenas uma dose às pessoas infectadas com o SARS-CoV-2, independente do tempo de infecção. A dose única da vacina atuará assim como um reforço”, diz a nota.
A nova recomendação vem no momento que a União Europeia enfrenta dificuldades para conseguir vacinas.
A França começou a vacinação em 27 de dezembro, mas apenas 2 milhões de pessoas receberam a primeira dose até hoje. Destes, 500 mil tomaram a segunda.
O Brasil, por exemplo, começou em 17 de janeiro, e já foram aplicadas mais de 4,5 milhões de doses.
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