Cidade voltou a patamar abaixo que o de 2009
Divulgação/PBH
Um levantamento da Prefeitura de Belo Horizonte aponta que a emissão de gases de efeito estufa reduziu em média 23% em 2020, em comparação a 2019.
Estas substâncias matêm parte da radiação infravermelha no planeta, provocando aquecimento. Entre as mais comuns estão o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4).
Dany Silva Amaral, diretor de gestão ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de BH, afirmou ao R7 que estes resultados podem afetar diretamente na qualidade do clima e do ar na capital mineira.
— Quando conversamos com qualquer morador de BH, vemos que eles percebem que a temperatura na cidade tem aumentado nos últimos anos. A emissão destes gases causa um impacto ambiental ambiental que pode ser reduzido com essa mudança de comportamento.
Para os especialistas, os dados são resultados da paralisação de atividades econômicas em função da pandemia de covid-19 e de políticas públicas ambientais desenvolvidas pelo município.
Dentre elas, Amaral cita a meta de plantar 60 mil árvores na cidade até o fim da atual gestão do prefeito Alexandre Kalil (PSD), a transformação do gás metano em energia em aterros sanitários e a troca da iluminação pública por lâmpadas de led.
— Não dá para comemorar essa redução diante de um cenário tão triste como o da pandemia, mas estes dados nos mostram um modelo que podemos trabalhar seguindo políticas públicas.
Estudo
O levantamento batizado de Inventário Municipal de Emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) está em sua quinta edição, analisando dados colhidos desde 2009. O estudo leva em consideração as emissões e remoções dos gases poluentes resultantes da ação humana, com o objetivo de indicar o impacto da capital mineira no contexto mundial.
O cálculo é feito com base em três setores. O primeiro, chamado de unidades estacionárias, abrange as emissões residenciais, comerciais, industriais e da agricultura.
O segundo, do transporte, leva em conta as modalidades terrestre, ferroviária, hidroviária e de aviação. Por fim, o setor de resíduos abrange a disposição de materiais sólidos, trabalhos biológicos, incineração e outros.
O levantamento aponta que o impacto maior foi sentido no transporte que emitiu 28% a menos de gases em relação ao ano anterior. No setor de resíduos a redução foi de 21%. Já no setor estacionário, que leva em consideração o grupo residencial, o percentual ficou em 10%.
O objetivo da prefeitura, segundo Dany Amaral, é reduzir 40% da emissão dos gases de efeito estufa até 2040. Para isto, os membros da Secretaria de Meio Ambiente vão propor políticas públicas feitas a partir dos dados colhidos no inventário.
— Estamos vivendo um momento fora da curva no mundo inteiro, mas vemos indícios de que é preciso pensar uma nova economia, com energia sustentável, aproveitando, por exemplo, o trabalho remoto para reduzir os deslocamentos.
Série histórica
A pesquisa apontou, ainda, que o nível de emissão de gases estufa em 2020 em Belo Horizonte ficou abaixo do patamar registrado em 2009, quando os dados foram colhidos pela primeira vez. A redução em comparação aos dois anos foi de 24%.
A série histórica indica entre que o percentual de emissão cresceu entre 2009 e 2014, reduziu entre 2015 e 2018 e voltou a aumentar em 2019.
O relatório detalha que no período analisado, a economia local passou por três momento que podem explicar as variações na emissão dos poluentes.
“O primeiro compreendido de 2009 a 2014 consiste em um cenário de expansão econômica, com consequente elevação da renda per capita, o segundo compreendido de 2015 a 2019 com retração econômica e o terceiro o ano de 2020, com os efeitos advindos da grave crise sanitária da covid-19”, detalha trecho do dossiê.
Cidade fechada
Após a OMS (Organização Mudial da Saúde) decretar situação de pandemia mundial em função da transmissão do coronavírus, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) determinou o fechamento de atividades consideradas não essenciais na cidade no dia 18 de março de 2020.
Restaurantes, bares, comércios, lojas e escritórios tiveram suas rotinas afetadas. O reflexo também foi sentido em outros setores, como o industrial em função do desaquecimento econômico.
De lá para cá, a capital mineira passou por processos de reabertura gradual e novos fechamentos. Atualmente, praticamente todas as atividades estão autorizadas a funcionar na cidade. A restrição maior segue no setor de eventos.