Mulheres que sofreram pré-eclâmpsia têm risco aumentado para eventos cardiovasculares
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Mulheres que enfrentam problemas de hipertensão durante a gravidez têm um risco 63% maior de desenvolver problemas cardiovasculares por até 30 anos após a gestação, segundo um estudo financiado pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos.

A pesquisa, publicada recentemente no periódico científico Journal of the American College of Cardiology, usou um banco de dados com mais de 60 mil participantes do Nurses’ Health Study II – uma iniciativa que acompanha a história clínica de mulheres desde 1976 – e avaliou o impacto de episódios de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia ao longo da vida das mães.

A análise deu conta de que cerca de 3.834 mulheres desenvolveram pré-eclâmpsia durante a gravidez, sendo que 1.789 sofreram de hipertensão gestacional. Após 30 anos da gestação, quando as mulheres tinham em média 61 anos de idade, pelo menos 1.074 foram vítimas de um evento cardiovascular, como ataque cardíaco ou AVC (acidente vascular cerebral).

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Neste sentido, os pesquisadores compararam o risco de doença vascular entre mulheres que sofreram de pressão alta na gravidez com as que não tiveram nenhum problema relatado deste tipo. O resultado, que também considerou o período de 30 anos após a gestação, foi expressivo em relação aos riscos para a saúde.

As mães que tiveram hipertensão gestacional, por exemplo, tiveram um aumento de 41% no risco de sofrer um AVC. Já para as que desenvolveram pré-eclâmpsia, o risco cardiovascular foi ainda maior, com 72% a mais de chances de ocorrer um evento da artéria coronária, como um ataque cardíaco, em 10 anos após a primeira gravidez.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1,13 bilhão de pessoas são hipertensas, sendo que a doença é uma das principais causas de morte prematura no mundo. Entre as mulheres, pelo menos uma a cada cinco tem hipertensão.

“Embora a American Heart Association e o American College of Cardiology reconheçam essas condições [hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia] como fatores de risco, as mulheres não têm uma orientação clara sobre o que fazer nos anos intermediários entre o parto de uma gravidez hipertensiva e o início da doença cardiovascular”, disse Jennifer J. Stuart, uma das autoras do estudo e epidemiologista associada da Divisão de Saúde da Mulher em Brigham and Hospital da Mulher e Harvard Medical School, em Boston.

Além disso, os pesquisadores ressaltaram que o monitoramento precoce da hipertensão, dos níveis de colesterol e glicose, e do índice de massa corporal, são fundamentais, de uma perspectiva individual, para ajudar a retardar ou prevenir futuros problemas cardiovasculares entre essas mulheres. 

“Este estudo reforça a importância de as mulheres e seus profissionais de saúde abordarem fatores de risco de doenças cardiovasculares conhecidos, como obesidade ou pressão alta, enquanto pensam em começar uma família, durante e depois da gravidez”, disse Victoria Pemberton , oficial de programa do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue.

No entanto, apesar dos dados reveladores, a pesquisa não teve acesso a um banco de dados diverso, conforme destacou a epidemiologista Jennifer J. Stuart, que afirmou que grande parte das mulheres analisadas eram brancas, o que pode representar uma variação dos fatores de risco.

 

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