A fadiga é o principal sintoma a persistir após o fim da infecção
EFE/ SEBASTIAO MOREIRA
Um estudo guiado pela Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz), publicado na revista Transaction of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene e divulgado nesta quarta-feira (11), constatou que 50,2% dos pacientes que tiveram quadros graves de Covid-19 seguem com alguns sintomas por cerca de um ano após a infecção.
A pesquisa foi realizada no pronto-socorro do Hospital da Baleia e no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, em Belo Horizonte. Foram monitorados 646 pacientes, entre 18 e 91 anos, sendo que 53,9% eram do sexo feminino.
O estudo durou 14 meses, entre março de 2020 e novembro de 2021. Neste período, 324 dos pacientes tiveram sintomas após o período de infecção, no que a OMS (Organização Mundial da Saúde) chama de “Covid longa”.
Entre os 23 sintomas identificados, a fadiga (cansaço extremo) foi a principal queixa entre os pacientes, com uma frequência de 35,6%. As demais sequelas que ganharam destaque, foram: tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda de olfato ou paladar (20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%).
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A análise também contabilizou a presença de distúrbios mentais, como insônia (8%), ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%). Além disso, em 20 pacientes, as sequelas se apresentaram de forma mais grave e levaram ao desenvolvimento de trombose – que foi devidamente tratada.
Os sintomas apareceram nos três níveis da doença: leve, grave e moderada. No entanto, os sintomas foram mais persistentes nos pacientes que sofreram com casos graves de Covid-19.
A pesquisadora Rafaella Fortini, coordenadora do estudo, ressaltou que ainda há desdobramentos do estudo em andamento. “Temos casos de pessoas que continuam sendo monitoradas, pois os sintomas permaneceram para além dos 14 meses”, disse na nota divulgada pela Fiocruz.
Do total de pacientes acompanhados, apenas cinco haviam tomado a vacina contra a Covid-19. Dentre eles, três apresentaram as características da Covid longa. Além disso, algumas comorbidades foram apontadas como influentes para a continuidade dos traços da doença.
“Constatamos ainda que a presença de sete comorbidades, entre elas hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo levou à infecção aguda mais grave e aumentou a chance de ocorrência de sequelas” afirmou a coordenadora.
A pesquisadora ainda destacou que a ajuda médica deve ser prioridade em todos os níveis de gravidade da doença, não apenas quando há sequelas mais graves, como a trombose. A Covid longa pode impactar na qualidade de vida dos pacientes e os sintomas foram comuns até para aqueles que estiveram assintomáticos durante a fase aguda da infecção.