Talvez máscaras tenham sido tiradas cedo demais
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No mesmo período em que os brasileiros começaram a deixar as máscaras em casa ou no bolso, subiu consideravelmente o número de casos de Covid-19. “Não é coincidência”, diz o infectologista Pedro Hallal, professor do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas. Para ele, a redução da proteção individual e as subvariantes da Ômicron podem explicar esse novo avanço da pandemia no país.
“Muito bom é perceber que esse grande aumento de infectados não elevou as mortes na mesma proporção. E isso é uma baita notícia, que só prova que a vacina está sendo um sucesso total”, destaca Pedro Hallal.
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De acordo com o painel de acompanhamento da Covid-19 do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), o número de casos apurados na semana entre 22 e 28 de maio, 166.777, é o maior em dois meses, desde os 214.913 registrados de 20 a 26 de março.
Nessa mesma comparação de datas, os óbitos caíram para quase a metade, mas é precipitado já avaliar esses números. Eram 1.660 entre 20 e 26 de março e foram para 83 de 22 a 28 de maio.
A tendência, explicam os especialistas, é que os reflexos de uma subida repentina de testes positivos no país só seja notada após duas semanas ou mais.
Foi em maio que houve esse crescimento vertiginoso de casos no Brasil, conforme mostra o painel. Na primeira semana do mês, encerrada no dia 7, o Conass apontou 110.294 novos doentes. Vinte e um dias depois, no sábado (28), constatou-se um avanço de 51%, para 166.777.
O número de mortes subiu nesse mesmo período, mas não acompanhou essa velocidade de evolução. Eram 629 e foram para 863 no fim deste mês (37% mais).
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O sucesso das vacinas
“Imagine se tivéssemos essa quantidade de doentes atual e a população não estivesse vacinada? Seria uma tragédia ainda maior”, observa o infectologista da Universidade Federal de Pelotas.
Indo mais longe na comparação, ao considerar uma semana de quase dois anos atrás, de 31 de maio a 6 de junho de 2020, bem no começo da pandemia, o peso da vacinação é bem mais claro. Naqueles sete dias, quando não havia ainda imunizantes aprovados no mundo, foram detectadas 174.406 infecções, quantidade bem próxima da atual (166.777). Por outro lado, ocorreram 7.096 mortes, oito vezes mais que as 863 de agora.
“Nossa maior atenção agora é para os não vacinados. São eles que estão morrendo atualmente”, diz Pedro Hallal.
O infectologista diz que para frear o coronavírus no Brasil a campanha nacional de imunização deve se concentrar em três ações: focar os estados que vacinam pouco e aumentar a cobertura nas doses iniciais para as crianças e nas de reforço para os adultos.