Lívia Bastos/Prefeitura de Nova Lima

A imunologista Lorena de Castro Diniz, da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), explica que gestantes devem se vacinar contra a covid-19 para evitar complicações causadas pela doença. No momento, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação da CoronaVac e da vacina da Pfizer para o grupo.

“As que não tomaram nenhuma dose ainda devem ser vacinadas sim, em qualquer época da gestação, porque estamos vendo uma evolução mais grave da covid-19 entre as gestantes”, afirma Lorena.

Em maio, o Ministério da Saúde suspendeu a aplicação da vacina da AstraZeneca em gestantes e puérperas no país. A medida seguiu a recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após o registro de um evento adverso grave que acabou em morte, tanto do feto quanto da grávida que desenvolveu a síndrome de tromboembolismo e trombocitopenia, TTS na sigla em inglês (thrombosis with thrombocytopenia syndrome), após receber o imunizante. 

A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou a aplicação da segunda dose da Pfizer para grávidas que receberam a primeira dose da AstraZeneca. A decisão local vai contra a orientação do PNI (Programa Nacional de Imunizações), que não recomenda a intercambialidade de vacinas na imunização contra a covid-19, ou seja, que o esquema vacinal seja realizado com imunizantes diferentes.

A especialista explica que, apesar de alguns países já terem adotado a intercambialidade entre as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, não há dados robustos que comprovem sua eficácia.

“Já existem alguns trabalhos que falam de benefícios sobre a vacinação feita com a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer, fazendo com que elevasse a eficácia do esquema de vacinação, mas isso é um estudo único ainda, não temos dados robustos para fundamentar, principalmente em relação à população de gestantes”, afirma.

A imunologista não considera arriscada a mistura das vacinas entre as grávidas, mas ressalta que a eficácia da vacinação desta forma só poderá ser atestada a longo prazo. “Não vejo o risco aumentado de evento adverso, ou de não eficácia, alguma eficácia vai ter e pode ser que seja até melhor, mas nós ainda não sabemos ao certo”, afirma.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que a recomendação para que as grávidas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca tomem a segunda 45 dias após o parto está sendo revista. A pasta recomenda que a pessoa não reinicie a vacinação, mas complete o esquema vacinal independente do intervalo.

Neste sentido, a imunologista explica que também há estudos sobre os benefícios da aplicação das doses da AstraZeneca com um intervalo maior do recomendado na bula, que é de três meses. “Esse estudo confirmou que é até melhor o distanciamento entre as doses”, afirma.

Em relação à vacina da Pfizer, o pediatra Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), destacou durante o fórum realizado pelo Ministério da Saúde na terça-feira (29), para discutir a vacinação de gestantes contra a covid-19, que os achados preliminares não mostraram sinais de risco na segurança entre as gestantes que receberam a vacina. 

Vacinas produzidas com a tecnlogia de vírus inativado, como a CoronaVac, também são consideradas seguras para gestantes, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm e membro da câmara técnica assessora do PNI, que também participou do fórum. 

“Vacinas inativadas, pelo que já conhecemos, são vacinas seguras para serem aplicadas (…) Apesar de não haver estudos [sobre o uso das vacinas em gestantes], eventualmente o risco pode justificar seu uso em uma grávida. A pandemia já justifica cogitarmos esse uso”, afirmou.

Vacina da Johnson

Assim como a vacina da AstraZeneca, a da Johnson & Johnson também é fabricada por meio de vetor viral não replicante, tecnologia que tem sido associada aos eventos adversos envolvendo a formação de coágulos sanguíneos após a vacinação com os imunizantes.

Por este motivo, a imunologista Lorena de Castro Diniz acredita que o Ministério da Saúde deve manter a mesma recomendação em relação às gestantes. “Como a da Johnson também é uma vacina de vetor viral, até então também não está recomendada para elas”, afirma. 

Até o fechamento desta matéria, a pasta ainda não havia se posicionado sobre o uso da vacina da Johnson em grávidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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