Dentro do carro: drive-thrus foram usados para acelerar imunização sem riscos
Roque de Sá/Agência Senado – 23.03.2021
Apesar de a velocidade da vacinação contra a covid-19 ter engrenado no Brasil, com média superior a 1,5 milhão de pessoas por dia, e em oito estados mais de 60% dos adultos já terem tomado ao menos uma dose, o sonho da imunidade coletiva está longe de ser concretizado, dizem os especialistas.
O estado de São Paulo lidera em números absolutos e percentuais a corrida pela imunização, com 26.111.969 pessoas, ou 72,55% dos moradores acima de 18 anos vacinados com a primeira dose.
Os dados foram retirados do painel do R7 de acompanhamento da vacinação contra a covid-19 no país e cruzados com o número de pessoas acima de 18 anos em cada ente federativo, baseado na estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2018.
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Desde o início da pandemia, cientistas e organismos internacionais como a OMS (Organização Mundial de Saúde) dizem que a população mundial começaria a perceber a imunidade coletiva (ou de rebanho) após alcançar-se a marca de 65% a 70% das pessoas vacinadas. Com ela, inevitavelmente a doença recuaria e menos pessoas morreriam com a infecção do coronavírus.
O diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, analisa que São Paulo e todos os outros entes federativos brasileiros estão bem longe dessa meta por alguns motivos.
“Primeiro porque não há um número mágico, de 60% ou 70%”, explica.
Outra questão fundamental é que o Brasil vacinou com as duas doses necessárias apenas 25% dos adultos. O número fica mais preocupante se forem incluídos adolescentes e crianças (eles entram nas contas de imunidade coletiva). Nesse caso, os 40.360.685 habitantes que completaram a imunização representam apenas 19,06% de todos os brasileiros.
“O que é certo é que menos de 20% da população geral concluiu a vacinação. E sabemos que algumas das variantes do coronavírus conseguem infectar a pessoa que tomou uma, mas não entra em quem tomou as duas doses”, diz Pedro Hallal, epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas.
Hallal acrescenta que é certo que ao se atingir 60% ou 70% dos brasileiros com duas doses, “certamente os números da doença vão cair lá no chão”.
Kfouri comenta ainda que em qualquer tentativa de entender o impacto da pandemia no Brasil é preciso levar em conta não apenas os dados de vacinação. “Mais importantes são os números da circulação viral, mostrada pela quantidade de casos novos, que segue muito alta no país mesmo com o avança da campanha de imunização”, alerta.
“Estamos ainda com 30 mil a 40 mil infectados por dia, algo muito preocupante, semelhante ao pior momento que vivemos em 2020.”
Brasil deve concluir, com falhas, vacinação de covid-19 neste ano
No Top 5 dos estados líderes da primeira dose no país, estão, além do líder São Paulo, o Rio Grande do Sul, com 68,23% do público alvo, Amazonas, com 67,45%, Mato Grosso do Sul (65,08%) e Paraná (64,35%). Outros três superam a marca de 60%: Espírito Santo (63,53), Santa Catarina (62,99) e Acre (61,31).
Considerando duas doses ou pessoas que tomaram a vacina da Johnson, de aplicação única, os números estão bem aquém do desejado. Mato Grosso do Sul está na frente nessa disputa. com 43,55% do público adulto imunizado. Ele é seguido por Rio Grande do Sul, com 33,05%; São Paulo, 27,86%, Espírito Santo (26,35%) e Paraná (25,,29%).
O estado mais atrasado na campanha de imunização é o Amapá, único que não superou a aplicação em ao menos 50% dos adultos (48,01%). Também é o lanterna na segunda dose, com somente 16,03%.
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