Espanha e Portugal concentram maior número de casos de varíola do macaco
CDC/via Reuters
O atual surto de varíola dos macacos, com mais de 120 casos em 15 países não endêmicos, é o primeiro dessa doença a ocorrer em vários lugares ao mesmo tempo e no qual os infectados não estão ligados a viagens para a África, reconheceram nesta segunda-feira (23) especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“Houve casos nos últimos cinco anos em pessoas vindas da África, mas esta é a primeira vez que registramos em diferentes países ao mesmo tempo”, disse Rosamund Lewis, especialista da OMS em varíola, em uma sessão de perguntas e respostas transmitida em redes sociais.
“Estamos trabalhando em estreita colaboração com vários países para analisar por que este vírus está agora viajando com mais frequência”, acrescentou ela, que também considerou anômalo o alto número de casos em áreas urbanas para uma doença que geralmente ocorre em ambientes rurais.
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O especialista Andy Seale, do departamento da OMS sobre doenças sexualmente transmissíveis, acrescentou que a varíola dos macacos não é uma delas, “nem é uma doença ligada à comunidade gay, como alguns têm afirmado nas redes sociais, porque qualquer pessoa pode contraí-la por contato”.
“É uma doença que se propaga por contato próximo, não necessariamente sexual”, frisou.
A chefe da unidade técnica anti-Covid da OMS, Maria Van Kerkhove, acrescentou que é provável que, com o aumento do acompanhamento dos casos, o número aumente nos próximos dias, mas ela garantiu que a situação “pode ser contida” e lembrou que a maioria dos pacientes não apresenta sintomas graves.
A sessão informativa lembrou que os sintomas podem incluir febre, inflamação dos linfonodos, dores de cabeça, fadiga muscular e erupções em rosto, mãos, pés, olhos ou genitais.
Sobre a possibilidade de o vírus ser uma variação de um comumente encontrado na África, onde os casos são conhecidos há pelo menos 40 anos, Lewis disse que ele geralmente é “estável e não tende a sofrer mutações”.
Os especialistas lembraram que a vacina contra a varíola convencional, uma doença mais grave e que durante séculos causou mortalidade global generalizada, provou ser 85% eficaz contra a varíola dos macacos.
Entretanto, a maioria das gerações mais jovens não foi vacinada contra a varíola, que foi considerada erradicada globalmente há quatro décadas, de modo que as campanhas de imunização foram interrompidas.