Professores devem usar máscara de forma constante, trocando quando estiverem úmidas
REUTERS/Nick Oxford
Com o retorno às aulas presenciais, professores estão enfrentando o desafio de dar aulas com máscaras N95 e PFF2. Alguns deles relatam problemas como náuseas e inchaço no nariz após a jornada de trabalho. “Está complicado dar aulas por horas seguidas com PFF2! As máscaras não foram projetadas para isso! Falo por 7, 8, 10 aulas por dia! Além do inchaço no rosto, nariz dolorido, sufocamento e calor, tem a rouquidão pelo esforço na voz”, postou o professor de história Abdala Farah Netto, no Twitter.
O infectologista Marcio Nehab, da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) ressalta que essas máscaras não foram projetadas para esse uso. “A máscara N95 não é a mais recomendada para professores, a não ser que ele se sinta mais protegido com ela. Utilizar uma máscara cirúrgica por baixo de uma de pano já vai prover proteção similar à N95 e é muito mais confortável”, orienta.
Diversos profissionais da educação utilizaram as redes sociais para manifestar a dificuldade com o uso da proteção durante as aulas:
Desabafo de um Professor:Está complicado dar aulas por horas seguidas com PFF2! As máscaras não foram projetadas para isso! Falo por 7, 8, 10 aulas por dia! Além do inchaço no rosto, nariz dolorido, sufocamento e calor, tem a rouquidão pelo esforço na voz.Naturalizaram tudo.— Abdala Farah Netto (@abdalafarah) August 25, 2021
Eu simplesmente não consigo dar aula com pff2, tentei, mas o mal-estar e as náuseas são muito fortes ao final do dia. https://t.co/JT7kVmeAET— Felícia Mendes (@joymendes) August 25, 2021
Nunca tive voz pra dar aula pra 32 pessoas. Com máscara pff2 ainda? Impossível. Eu não consigo trabalhar sem me machucar, gente. Sem sair sem voz. Socorro— bruna (@dos_kingss) September 1, 2021
As máscaras N95 e PFF2 oferecem filtração de 95% e 94%, respectivamente; a diferença entre elas é que a primeira segue as normas regulatórias norte-americanas e a segunda, europeias e brasileiras, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Esse tipo de acessório, que voltou a ficar disponível no mercado, passou a ser recomendado pelos especialistas para substituir as máscaras de tecido, utilizadas em um momento emergencial.
“As máscaras de tecido foram uma necessidade de um período, para cobrir um espaço de tempo, enquanto as máscaras N95 e cirúrgicas ainda não eram suficientes em quantidade para a população. Essas máscaras passam por grande controle de qualidade, com cinco camadas de filtração que garantem uma excelente barreira para as gotículas infectadas”, explicou o infectologista Antônio Bandeira, da diretoria da SBI, em reportagem do R7.
Nehab afirma que não existe a indicação para o uso de máscaras N95 e PFF2 para profissionais da educação e destaca que não se deve utilizar um acessório que cause dor e feridas.
“Quanto mais camadas a máscara tiver, mais proteção ela irá prover. É muito mais importante que a vedação seja bem feita do que usar uma máscara que deve ser utilizada em ambiente hospitalar. Não adianta utilizar uma proteção que vá causar dor e feridas na pele. Não existe uma indicação absoluta para o uso de PFF2 ou N95 para funcionários da educação”, explica Nehab.
Segundo as orientações do governo federal para o retorno às aulas presenciais, é recomendado o uso constante de máscaras por estudantes e profissionais da educação, trocando a proteção a cada 3 ou 4 horas ou quando estiverem úmidas ou sujas.
Nehab afirma que é possível retirar a máscara para aliviar o incômodo por alguns minutos desde que seja em um local isolado e totalmente seguro. “Uma das recomendações para evitar dores é retirar a máscara, se possível, em ambientes seguros entre as aulas”, finaliza.
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*Estagiário do R7 sob supervisão de Deborah Giannini