Ministro da Saúde citou medicamentos das farmacêuticas americanas Merck e Regeneron e da AstraZeneca
Joedson Alves/EFE
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na tarde desta segunda-feira (11) que pesquisas de medicamentos para tratamento da Covid-19 têm evoluído e eles podem ser uma opção para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministro foi questionado sobre a possibilidade de o coquetel de drogas experimentais em estudo pela AstraZeneca ser incorporado ao sistema público para tratamento da doença. A farmacêutica britânica anunciou que o coquetel demonstrou ser eficaz para diminuir casos graves e mortes de pacientes que não tenham sido hospitalizados, mas o estudo ainda não foi revisado por cientistas independentes.
“As pesquisas têm evoluído. Anticorpos monoclonais são uma opção. Já há, inclusive, o RegenCov, que é o conjunto de dois anticorpos monoclonais”, afirmou Queiroga ao deixar o ministério nesta tarde. Os anticorpos monoclonais são aqueles desenvolvidos em laboratório para atingir uma região específica do vírus e neutralizá-lo.
Queiroga disse ainda que o governo sempre foi a favor de um tratamento que começasse na fase inicial da doença, mas não citou o fato de o presidente Jair Bolsonaro defender, desde o princípio da pandemia, medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a doença.
O ministro afirmou que o RegenCov, um dos coquetéis em estudo no mundo e que já obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial, já teve revisão dos pares publicada em revista científica e demonstrou ter real eficácia.
“Saiu recentemente, numa publicação no New English Journal of Medicine, [texto] mostrando que essa medicação, quando usada por indivíduos que têm comorbidades, reduz em pouco mais de 70% o desfecho com morte e internação. E essa pesquisa é de boa qualidade”, disse o ministro.
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O RegenCov teve registro emergencial aprovado pela Anvisa em abril, mas apresenta um custo elevado para ser incorporado ao SUS. Naquele mês, Queiroga havia dito que, caso a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS avaliasse que há condições de implementar o uso do medicamento e orçamento para sua aquisição, o tratamento seria disponibilizado para os brasileiros.
Queiroga também citou o medicamento da farmacêutica americana Merck, que pediu nesta segunda-feira à agência reguladora dos Estados Unidos autorização emergencial para comercializar o comprimido contra a Covid-19 produzido por ela. O ministro afirmou ter sido informado por seu secretário-executivo, Rodrigo Cruz, que há tratativas da empresa com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para realizar a transferência de tecnologia.
“Se não me engano, o Rodrigo Cruz estava me falando que há algum tipo de tratativa com a Fundação Oswaldo Cruz para a tentativa de transferência de tecnologia. Nós sabemos que a vacinação tenta acabar com a pandemia, mas ela não tem o poder de acabar com a doença. As pessoas vão adoecer, e aí a gente tem que tratá-las para evitar que elas evoluam com as formas graves, as síndromes respiratórias agudas e óbito”, completou.
Máscara
O ministro demonstrou irritação ao ser questionado sobre o uso de máscara. Neste domingo (10), Bolsonaro foi multado em São Paulo por descumprir a lei que obriga o uso de máscara na cidade de Peruíbe, no litoral sul do estado. Queiroga se queixou de que a imprensa fazia perguntas repetidas “para ficar com as mesmas narrativas, em que ninguém acredita mais”. O ministro afirmou que é necessário “olhar para a frente” e para o que está sendo feito “em relação ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde”.
“Na saúde suplementar, por exemplo, ninguém me pergunta, mas nós aprovamos uma diretriz aqui no Consu [Conselho Nacional de Saúde Suplementar]. Primeira diretriz em 20 anos aprovada no âmbito da saúde suplementar. Isso é mais importante do que essas discussões laterais, estéreis e que não servem para nada. Francamente”, disse Queiroga.
O ministro se referia à Política Nacional de Saúde Suplementar para o Enfrentamento da Covid-19 (PNSS-Covid), aprovada no mês passado. O Consu estava inativo desde 2000, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi criada.
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