Vacinação na região amazônica começou em março e já imunizou 180 mil crianças
Valter Campanato/Agência Brasil

O sarampo é considerado mais crítico do que a malária no Amazonas, de acordo com o infectologista Bernardino Albuquerque, diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas (FVS-AM), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde.

Apesar da grande diferença no número de notificações das doenças – são 40.418 notificações de malária e 5.404 mil de sarampo –, a malária levou a 3 mortes e o sarampo a 1, sendo que mais uma está em investigação

“A malária é uma doença contínua aqui na região, uma das mais antigas. Portanto, temos know how de trabalho. A mortalidade é menor que 1% devido ao diagnóstico e tratamento precoces. Já o sarampo é uma novidade. A complicação dessa doença é muito diferente da malária, levando à pneumonia, diarreia e desidratação. A situação é muito mais crítica”, afirma.

Embora a malária esteja em todo o Amazonas, ela afeta principalmente a cidade de São Gabriel da Cachoeira, a 850 km de Manaus, que registra as três mortes do Estado.

Já o sarampo está presente apenas em duas cidades: Manaus e Manacupuru, na região metropolitana de Manaus. Cerca de 80% dos casos foram registrados na capital. São 562 casos confirmados e 4.471 notificações. Manacupuru conta com 180 casos e 714 notificações.

Cerca de 16% dos infectados são bebês

A campanha nacional de vacinação, que inclui imunização contra sarampo e poliomielite, tem início nesta segunda-feira (6) e vai até 31 de agosto. No Amazonas, a vacinação contra o sarampo já vem sendo realizada desde março. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, 180 mil crianças entre 6 meses e 4 anos já foram vacinadas, o que representa mais de 50% da meta. Ao todo, 300 mil crianças devem ser vacinadas.

Embora a primeira dose da vacina contra o sarampo seja recomendada pelo Ministério da Saúde aos 12 meses, no Amazonas a idade foi reduzida para 6 meses devido à grande incidência da doença em bebês.

Cerca de 16% dos infectados pelo sarampo no Estado estão nesse grupo, de acordo com o infectologista. A única morte por sarampo registrada no Amazonas é de um bebê de 7 meses. A morte de outro bebê, de 9 meses, em decorrência da doença está sendo investigada.

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Segundo o Ministério da Saúde, o vírus do sarampo, que estava erradicado no Brasil desde 2016, foi reintroduzido no país por meio da migração de venezuelanos em Roraima.

Embora Roraima tenho sido o primeiro Estado a registrar a doença, o Amazonas já ultrapassa em número de casos. Ambos os Estados passar por surto de sarampo. Roraima registra quatro mortes – três venezuelanos e um índio brasileiro da etnia Yanomami. “Em relação a isso existe um ponto fundamental. Roraima tem 350 mil habitantes e Manaus, 2 milhões. Então a população suscetível é maior”, explica Albuquerque.

Mais de 45% dos casos são de jovens

Grande parte dos casos de sarampo no Amazonas ocorre entre jovens. Mais de 45% dos infectados têm entre 15 e 29 anos. Segundo o infectologista, a secretaria vem realizando há três semanas um trabalho estratégico para atingir esse público, como vacinação em escolas e de casa a casa.

“Acredito que há uma maior incidência de sarampo entre os jovens porque o Estado está sem a circulação do vírus há 18 anos. Esses jovens foram vacinados na infância e nunca mais tiveram contato com o vírus. Se uma pessoa foi vacinada e mora em área de circulação viral, esse encontro pode reforçar sua imunidade, o que não aconteceu com esses jovens. Eles não tiveram um reforço natural da vacina”, explica o infectologista, ressaltando que o índice de sarampo entre pessoas acima de 50 anos é de 1,6%.

Em relação a adesão à vacina, Albuquerque afirma que a grande dificuldade tem sido o bloqueio ocasionado pelo tráfico de drogas. “Há certa dificuldade principalmente em áreas periféricas por bloqueio de acesso pelo tráfico. Também impedem a ação casa a casa e a entrada em ruas”, afirma.

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A vacina contra o sarampo engloba duas doses. A primeira dose é da vacina tríplice viral, que protege também contra caxumba e rubéola e deve ser dada logo após a criança completar 1 ano. A segunda dose é a vacina tetraviral, que inclui a proteção à varicela (a catapora), aos 15 meses (1 ano e três meses de vida).

Caso haja atraso na vacinação, crianças de até 4 anos ainda poderão receber as vacinas. Quem não foi vacinado e não teve a doença entre 5 e 29 anos de idade deve tomar duas doses da vacina tríplice viral. Pessoas não vacinadas e que também não tiveram a doença entre 30 e 49 anos devem receber apenas uma dose, segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

As vacinas são feitas de vírus vivo atenuado, com aplicação subcutânea.

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