Mulheres podem ter sintomas de hipertensão e menopausa confundidos
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A hipertensão nas mulheres, geralmente, aparece a partir dos 50 anos, período em que coincide com a chegada da menopausa. Como alguns sintomas são parecidos, os médicos alertam sobre a importância de manter cuidados de rotina a partir da meia-idade.
O cardiologista Yuri Brasil explica que problemas de pressão arterial e o climatério são sinais da idade avançada da mulher. “Em primeiro lugar, temos de entender que a menopausa é um sinal do envelhecimento do organismo, com isso nossas artérias também envelhecem e se tornam mais duras e rígidas, que é um dos principais fatores para o desenvolvimento de hipertensão arterial, juntamente com as questões hormonais que as mulheres enfrentam nessa fase”, diz o médico.
Entre os sintomas similares estão dor de cabeça, mal-estar geral, náusea, palpitações e fogachos, os calores sentidos principalmente durante a noite. A ginecologista Tatiana Provasi Marchesi destaca, ainda, outras coincidências e explica os procedimentos para diferenciar a doença da situação inerente à mulher.
“Os principais são palpitações, ondas de calor e cefaleia, mas tem também insônia, irritabilidade, agitação. Por isso o papel importante do ginecologista. Os médicos devem fazer um exame completo e integrativo, pesquisando queixas, medição da pressão arterial e batimento cardíaco”, alerta Tatiana.
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A Sociedade Europeia de Cardiologia produziu um documento de consenso entre cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas em que alerta sobre o tema. “Sabemos que a pressão arterial é tratada diferente em homens e mulheres, colocando as pacientes em risco de fibrilação atrial, insuficiência cardíaca e derrame. A vida de uma mulher fornece pistas de que você precisa para começar cedo com a prevenção. Temos que avaliar as pacientes do sexo feminino de forma diferente dos homens e não apenas perguntar sobre o colesterol alto”, ressaltou Angela Maas, diretora da Radboud University, na Holanda, e autora da publicação.
Os médicos europeus citaram fatores que servem sinais para a hipertensão. A elevação da pressão arterial durante a gestação representa um perigo quatro vezes maior de hipertensão e derrame. Mulheres com menopausa precoce, antes dos 40 anos, têm maior risco, assim como as que enfrentam doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus.
O cardiologista indica que, a partir dos 50 anos, mulheres passem por consultas de rotina também com um especialista do coração. Além de aconselhar realização de exames mais abrangente, independentemente da paciente apresentar algum sinal anterio da pressão alta.
“Além das análises ginecológicas, o ideal é pedir exames de sangue como colesterol, diabetes, toda a rotina de perfil de tireoide, mensurar sempre a pressão arterial. Podemos, também, fazer o exame chamado mapa, que monitora a pressão do paciente por 24 horas. Além do eletrocardiograma, também pode trazer dados se o doente tem aumento de pressão no momento ou se já tem sequelas causadas pelo aumento da pressão arterial”, observa Yuri Brasil.
A hipertensão não tratada pode, a longo prazo, causar insuficiência renal e cardíaca, derrame e fibrilação atrial. “A mulher pode ter níveis pressóricos bem elevados e, em um primeiro momento, ela pode ter um infarto agudo, uma parada cardiorrespiratória, um derrame e até uma falência renal e levar à hemodiálise”, acrescenta o cardiologista.
A investigação da hipertensão também é fundamental nas mulheres na menopausa por causa da reposição hormonal, tratamento usado com o abjetivo de diminuir os efeitos dessa fase da vida. Os hormônios podem elevar a pressão arterial.
“As mulheres com hipertensão de difícil controle, ou que tem riscos cardiovascular para derrame, infarto, insuficiência cardíaca, a reposição hormonal não é uma boa indicação. Os hormônios podem aumentar os riscos. Já, as mulheres com hipertensão leve, vida saudável com baixo risco, podemos entrar com a reposição”, explica Tatiana Marchesi.