Eloisa é modelo internacional
Reprodução/Record TV Rio

Surtos, como o que levou a modelo Eloisa Fontes, 26, a ficar desorientada vagando por uma comunidade no Rio de Janeiro, não acontecem “do nada”, conforme explica o psiquiatra e psicoterapeuta Ivan Mario Braun, doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ela foi encontrada desorientada na comunidade do Cantagalo no dia 6 de outubro após um ano desaparecida. No ano passado, ela já havia sido encontrada vagando nos arredores de Nova York depois de cinco dias desaparecida. Eloisa foi internada no Instituto municipal Phillipe Pinel, no Rio de Janeiro, e está em tratamento. Seu diagnóstico não foi divulgado.

“Os surtos podem ter muitas causas. Está sujeito quem tiver predisposição genética, for exposto a determinados fatores ambientais desencadeantes ou tiver determinadas sensibilidades. A maioria das pessoas não desenvolve surtos psicóticos pelo uso de maconha, mas algumas desenvolvem”, afirma.

Surto é uma expressão que se refere a surto psicótico, segundo o psiquiatra. Ele explica que em surtos psicóticos as pessoas podem tornar-se agitadas, com “comportamento desorganizado”.

“Elas podem ficar desorientadas em relação ao quem são. Algumas, dentro desse comportamento desorganizado ou por desenvolverem delírios, nos quais se sentem perseguidas ou acreditam ser superpoderosas, por exemplo, podem ficar vagando e, dependendo do quão afetadas estão e concentradas em seus pensamentos, por vezes acompanhados de alucinações, geralmente de vozes que conversam, comentam ou dão ordens, podem se perder”, diz.

Os surtos psicóticos podem ser desencadeados por depressões graves, na chamada mania da esquizofrenia ou de outros transtornos, como transtorno esquizo-afetivo e transtorno delirante, na qual a pessoa fica excessivamente eufórica, por doenças clínicas ou pelo uso de drogas, como álcool, LSD, cocaína e maconha, de acordo com o psiquiatra.

Identificar a causa ajuda tratamento

O diagnóstico é feito a partir do histórico do aparecimento do surto, que pode ser obtido por meio de familiares, e por exame psíquico. “Nesse exame, o psiquiatra observa o comportamento do paciente e faz perguntas direcionadas para identificar o tipo de quadro psicótico. No caso de suspeita de resultar de intoxicação ou doença clínica, o exame físico e alguns exames laboratoriais podem ser úteis”, esclarece o médico. 

Na maioria dos casos, o tratamento exige internação, pois a pessoa pode ficar agressiva e representar risco a si a aos outros, indica Braun. “Podem correr riscos, por exemplo, se fugirem de casa ou se exporem a comportamentos socialmente problemáticos, como brigas ou denúncias falsas na polícia por se sentirem perseguidas. Em casos mais leves e famílias bem orientadas, é possível manter a pessoa em casa”, ressalta. 

A psicóloga Naiara Mariotto afirma que a terapia tem papel essencial no tratamento. “Trabalhamos as funções cognitivas, além da questão dos valores e o convívio social. Dependendo da situação, a pessoa sofre preconceito e receio de se socializar devido a julgamentos”, diz.

“Os pensamentos disfuncionais que são mais negativos, como medo e preocupação, também precisam ser trabalhados para aumentar a qualidade de vida”, complementa.

Voltar a ter uma vida normal vai depender do que causou o surto, de acordo com o psiquiatra. “Em um episódio psicótico de um transtorno bipolar, por exemplo, a pessoa costuma, após algum tempo, voltar ao seu normal, mesmo correndo o risco de ter novos surtos psicóticos, principalmente se não for tratada”, afirma.

“Já pessoas com esquizofrenia, mesmo tratadas, podem apresentar dificuldade no desempenho acadêmico, laboral e social, não voltando a ser iguais ao que eram antes. Isto pode ser melhorado por meio do tratamento e medidas como psicoterapia e terapia ocupacional”, acrescenta.

Ele destaca que não há como prevenir um surto psicótico já que pode ter causas diversas. “Surtos são manifestações comportamentais, não uma doença, que podem estar presentes em diferentes transtornos psiquiátricos. A prevenção será de acordo com a causa. Por exemplo: evitar o uso de drogas, tratar, se houver alguma lesão cerebral, ou tomar medicações de modo contínuo no caso de esquizofrenia e transtorno bipolar psicótico”, finaliza.

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