Países têm adotado o toque de recolher diante do avanço da pandemia de covid-19
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Diversos países têm adotado o toque de recolher na tentativa de desacelerar a disseminação do novo coronavírus. Na França, começa a partir das 18h, na Espanha, das 22h. A Holanda, por sua vez, enfrenta protestos violentos desde que a ordem de não sair às ruas passou a vigorar, no último domingo (24), das 21h às 4h30. Mas será que a medida é realmente eficaz para conter o vírus da covid-19, uma vez que as pessoas continuam saindo em outros horários e a transmissão é comum em reuniões de família?

Em São Paulo, não há toque de recolher, mas todo o Estado está na chamada fase vermelha das 20h às 6h durante a semana, desde segunda-feira (25). Aos finais de semana, a restrição dura o dia todo. A medida vale ao menos até 8 de fevereiro. Nessa fase, são permitidos apenas serviços essenciais, como farmácias, mercados e padaeias. A diferença em relação ao toque de recolher é que as pessoas continuam podendo sair às ruas.

A eficácia do toque de recolher é rodeada de incertezas e depende da conscientização e mudança de comportamento da população, de acordo com especialistas ouvidos pelo R7.

“O resultado do toque de recolher é muito incerto. Se no período livre [as pessoas] não mantiverem as medidas protetivas, não vai funcionar em nada”, afirma o infectologista Heber Azevedo, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“Eu, como infectologista, honestamente gostaria que fechasse tudo de uma vez. A gente tem uma nova cepa circulando e não está somente em Manaus”, acrescenta.

O infectologista Carlos Lazar, professor da disciplina de moléstias infecciosas na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) explica que o objetivo por trás dessa medida é diminuir as aglomerações externas, já que pega o horário de funcionamento de bares e restaurantes, por exemplo, e impede que as pessoas fiquem nas ruas no período.

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Entretanto, não é possível assegurar que as aglomerações não aconteceriam dentro das casas, de acordo com ele. Por esse motivo, o especialista não garante que o toque de recolher funcionaria em São Paulo. Lazar pondera que o risco de infecção dentro de uma mesma família poderia aumentar caso as pessoas não permanecessem em suas próprias casas.

O infectologista enfatiza que a efetividade do toque de recolher na desaceleração do contágio depende de dois aspectos: conscientização e solidariedade. “Nós temos que reconhecer que estamos diante de uma pandemia. Saber que existe uma doença grave, causando muitas mortes. E, caso houvesse o toque de recolher, usar máscara e manter o distanciamento durante as saídas às ruas”, pondera.

Aline Dayrell, professora-adjunta do departamento de medicina preventiva e social e coordenadora do curso de epidemiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), concorda com Lazar e levanta até mesmo a possibilidade de ocorrerem festas dentro de casa.

“O que ocorre é que a gente precisa ter uma mudança de comportamento. Evitar sair e, se estiver em um ambiente com mais pessoas, fazer o distanciamento. A diferença não é onde as pessoas se encontram, e sim como elas se encontram”, analisa.

 

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