<img src=’https://img.r7.com/images/cha-escuro-02102023104907017′ /><br />
O consumo diário de chá escuro pode estar associado a benefícios significativos no controle do açúcar no sangue e na redução do risco de desenvolver pré-diabetes e diabetes tipo 2 em adultos, revelaram pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, e da Universidade do Sudeste, na China, durante a Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes, nesta segunda-feira (2).
Veja também
Saúde
Injeção recém-aprovada pela Anvisa tem efeitos comparáveis aos da cirurgia bariátrica
Saúde
Quantas bananas é seguro comer sem extrapolar o limite da ingestão diária de potássio
Saúde
Número de casos de hepatite A sobe em São Paulo, e secretaria emite alerta
O artigo revelou que indivíduos que consumiam chá escuro todos os dias tinham um risco 53% menor de pré-diabetes e um risco 47% menor de diabetes tipo 2 em comparação com aqueles que nunca o bebiam, mesmo após ajustar para fatores de risco estabelecidos para o diabetes, como idade, gênero, IMC (índice de massa corporal), pressão arterial, entre outros.
O chá escuro, também conhecido como chá pós-fermentado, é muito comum na China. Ele passa por um processo de fermentação microbiana após a colheita das folhas de chá.
Durante a fermentação, as bactérias e microrganismos presentes na folha de chá continuam a agir, transformando seus compostos químicos. Isso resulta em um chá de sabor mais rico e complexo, com características terrosas, amadeiradas e notas profundas.
Não deve ser confundido com o chá preto, muito comum no Reino Unido. Este é completamente oxidado, mas não sofre fermentação após a colheita.
Chá pós-fermentado é muito comum na China
Freepik
É justamente à fermentação microbiana do chá escuro que os cientistas atribuem os benefícios dele para a saúde.
Esse processo pode resultar em compostos bioativos únicos (incluindo alcaloides, aminoácidos livres, polifenóis, polissacarídeos e seus derivados), que conferem potentes efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, melhoram tanto a sensibilidade à insulina quanto o desempenho das células beta no pâncreas e alteram a composição das bactérias no intestino.
Mais de 1.900 adultos que viviam em oito províncias chinesas fizeram parte do estudo, sendo que 436 participantes tinham diabetes, 352 eram pré-diabetes e 1.135 apresentavam níveis normais de glicose no sangue.
Foram incluídas na pesquisa pessoas que não bebiam chá habitualmente e também aquelas que consumiam apenas um tipo.
Elas foram questionadas sobre a frequência (ou seja, nunca, ocasionalmente, frequentemente e todos os dias) e o tipo (ou seja, chá verde, chá preto, chá escuro ou outro chá) de consumo da bebida.
Os pesquisadores analisaram como o consumo de chá, incluindo a frequência e o tipo da bebida, estava relacionado a três aspectos importantes associados ao controle do açúcar no sangue e ao diabetes.
Primeiro, eles examinaram como o consumo de chá afetava a excreção de glicose na urina, o que é um indicador relevante do controle do açúcar no sangue.
Em segundo lugar, eles avaliaram como o consumo de chá estava ligado à resistência à insulina, que é uma característica associada ao diabetes.
Por último, eles investigaram como o consumo de chá estava relacionado ao status glicêmico, que inclui histórico de diabetes, uso de medicamentos antidiabéticos e resultados anormais em um teste de tolerância à glicose oral. Isso permitiu aos pesquisadores avaliar o impacto do chá na saúde metabólica e no risco de diabetes.
Indivíduos com diabetes geralmente têm rins com capacidade aprimorada de reabsorver a glicose, o que significa que seus rins recuperam mais glicose da urina, impedindo que ela seja eliminada. O resultado acabam sendo níveis elevados de açúcar no sangue.
Após considerar as diferenças relacionadas a idade, gênero e fatores médicos e de estilo de vida, a análise descobriu que beber chá todos os dias estava associado a um aumento na excreção de glicose na urina.
"Esses achados sugerem que as ações dos compostos bioativos no chá escuro podem modular direta ou indiretamente a excreção de glicose nos rins, um efeito que, em certa medida, imita o dos inibidores de cotransportadores de sódio-glicose-2 (SGLT2), uma nova classe de medicamentos antidiabéticos que não apenas são eficazes na prevenção e no tratamento do diabetes tipo 2, mas também têm efeitos substanciais na proteção do coração e dos rins", comentou o professor Tongzhi Wu, da Universidade de Adelaide, um dos autores do trabalho.
Para outro pesquisador e autor do estudo, Zilin Sun, da Universidade do Sudeste, o consumo diário do chá escuro "pode ser um passo simples que as pessoas podem facilmente adotar para melhorar sua dieta e saúde".
"Nossos achados sugerem que beber chá escuro todos os dias tem o potencial de reduzir o risco e a progressão do diabetes tipo 2 por meio de um melhor controle do açúcar no sangue", afirmou.
Sem sinais específicos, diabetes pode ser confundido com outros problemas; veja quais os sintomas