Fiocruz pediu o uso emergencial da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca
Gareth Fuller/PA Wire/Pool via Reuters

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) pediu nesta sexta-feira (8) a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial da vacina de Oxford no país, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica sueca AstraZeneca.

O governo federal planeja usar o imunizante nas primeiras três fases do plano nacional de imunização, que se destina aos grupos prioritários. De acordo com especialistas já ouvidos pelo R7, o produto tem inúmeras vantagens, dentre elas a possibilidade de ser armazenado em geladeira comum, que facilita a conservação e distribuição da vacina.

Eficácia e segurança

A vacina tem eficácia média de 70,4% para proteger contra a covid-19 e “perfil de segurança aceitável”, de acordo com uma análise preliminar dos resultados da última fase de testes em humanos publicada na revista científica Lancet.

A proteção foi de 62,1% para os voluntários que receberam duas doses completas do imunizante e subiu para 90% entre aqueles que receberam meia dose seguida de uma dose completa no intervalo de um mês. Entretanto, a AstraZeneca admitiu que o esquema que mostrou maior eficácia ocorreu devido a um erro.

A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, afirmou em entrevista ao R7 que a constatação mais importante é a de que nenhum dos participantes que tomou a vacina teve quadros graves de covid-19. 

“Então, é uma vacina que se mostrou altamente eficaz para as doenças graves, diminuindo assim a necessidade de hospitalização”, explicou.

Ainda segundo a análise dos estudos clínicos, a vacina tem poucos efeitos colaterais e eles “são menores em intensidade e número em adultos mais velhos, com doses mais baixas, e após a segunda dose”.

Paralisação dos testes

No início de setembro, os testes de fase 3 foram paralisados no mundo todo após uma voluntária do Reino Unido apresentar mielite transversa, manifestação neurológica que afeta os nervos periféricos da coluna.

Mas os estudos foram foram retomados dias depois, após análise de um comitê independente, que definiu a doença como idiopática, ou seja, que se manifesta espontaneamente ou é de origem desconhecida.

Outros dois casos da mesma doença foram relatados durante o estudo, sendo que um dos voluntários estava no chamado braço de controle (que recebeu a vacina contra tuberculose) e o terceiro no grupo vacinado. Nenhuma relação entre o imunizante e a mielite transversa foi estabelecido até o momento.

Vantagens

– O Brasil já fechou acordo que garante doses importadas da vacina e também a transferência de tecnologia para a produção em território nacional. O governo federal deve receber 100 milhões de doses da vacina de Oxford até julho de 2021. Para o segundo semestre, estão previstas 160 milhões de doses produzidas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

– Facilidade de armazenamento e distribuição, já que pode ser conservada em temperaturas de geladeiras comuns

– Custo baixo no Brasil, que ficaria en torno de R$ 12 por dose. Em contrapartida, por exemplo, estimativas da Moderna apontam que o preço da dose deve ser em torno de R$ 170 e da Pfizer é de quase R$ 110

Desvantagens

– Compreender o mecanismo de imunização do produto a longo prazo, pois ainda não existe nenhuma vacina aprovada no mundo que utiliza a tecnologia de vetor viral não replicante

– Maior intervalo de tempo para alcançar a proteção de 70%. “O tempo para ficar de fato imune seria um pouco maior do que o de outras vacinas, pois o intervalo entre as doses é de 3 meses. Então, para estar de fato imune, deve levar pelo menos mais duas a três semanas, sendo, portanto, um intervalo de 4 meses entre iniciar a vacinação e estar plenamente protegido”, esclareceu Rosana

Tecnologia usada

A tecnologia em que se baseia a vacina de Oxford é chamada de vetor viral não replicante. Ela utiliza um adenovírus que normalmente causa resfriado comum em chimpanzés e foi geneticamente modificado. Ele serve de veículo para levar fragmentos do novo coronavírus considerados importantes para ativar o sistema imune, dentre elas a proteína spike, que possibilita a entrada do vírus da covid-19 nas células.

 

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