A vacina usa adenovírus de chipanzés modificado, que não se replica nas células
John Cairns/The University of Oxford

A aprovação da vacina de Oxford no Reino Unido nesta quarta-feira (30) pode influenciar a liberação do imunizante no Brasil, segundo o infectologista Renato Kfouri, primeiro-secretário da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).  

“Isso abre portas para outras agências regulatórias, como a Anvisa, a agência europeia e a FDA [agência regulatória norte-americana] e seu uso em vários outros países. Acho que em breve já vamos poder contar com uma vacina [contra a covid-19] em nosso Programa Nacional de Imunizações, com caráter da transferência de tecnologia, o que dá sustentabilidade ao programa. Não basta ser o primeiro. É preciso que o programa garanta sua manutenção”, afirma.

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Trata-se da segunda vacina contra a covid-19 a ser aplicada no Reino Unido – a imunização com a vacina de Oxford terá início na segunda-feira (4). A primeira foi a da Pfizer, em 8 de dezembro. 

A vacina de Oxford é a principal aposta do governo federal no plano nacional de imunização contra a covid-19. O país tem acordo de compra e transferência de tecnologia do imunizante, que, após aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), será produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro. Segundo a Fiocruz, a previsão é que o registro ocorra até a próxima semana.

O Ministério da Saúde deve receber 15 milhões de doses da vacina de Oxford em janeiro e 15,2 milhões em fevereiro, conforme já divulgado. A previsão é que a Fiocruz produza 210,4 milhões de doses ao longo de 2021.

A análise da vacina de Oxford para registro ou uso emergencial está em andamento na Anvisa e, segundo dados divulgados no portal da agência atualizados na segunda-feira (28), é o imunizante com o processo de avaliação mais avançado – os outros são Janssen, Pfizer e CoronaVac.

Para tratar sobre esse processo, a Anvisa se reuniu virtualmente com a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade, a Fiocruz na terça-feira (29) e vai se reunir com representantes da AstraZeneca, farmacêutica sueca que desenvolve o imunizante junto a Universidade de Oxford, no Reino Unido, nesta quarta-feira (30).

A vacina usa uma tecnologia chamada vetor viral não replicante. Em vez de utilizar o próprio coronavírus para estimular a resposta imune no corpo, como as vacinas convencionais, ela utiliza adenovírus que causa resfriado em chipanzés, modificado em laboratório, não sendo capaz de se replicar em células humanas.

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Fragmentos do coronavírus, especificamente a proteína spike, são acopladas a esse adenovírus por meio de engenharia genética, funcionando como veículo para que os fragmentos do Sars-Cov-2 estimulem uma resposta imunológica no organismo.

“É uma vacina que tem eficácia de 70% em média. É interessante a eficácia já com uma única dose, o que permite vacinar o maior número de pessoas e aguardar eventualmente um intervalo maior entre a primeira e segunda dose, com sugestão de três meses entre a primeira e a segunda dose pelo fabricante”, afirma Kfouri.

“É uma vacina segura, não causou reações graves no grupo que recebeu a vacina comparado com o que recebeu placebo, ou seja, uma vacina que preenche todos os requisitos, a meu ver, para um licenciamento emergencial no Brasil”, finaliza o infectologista.

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