Prefeitura ainda não identificou o que pode ter causado a diferença nos números
Ricardo Moraes/Reuters – 29.03.2021
Passados 16 dias do início da vacinação para pessoas com comorbidade em Belo Horizonte, 42% das pessoas que devem fazer parte do grupo na cidade ainda não se cadastraram para receber o imunizante contra a covid-19.
O dado da prefeitura indica que da estimativa de 291.362 moradores com doenças preexistentes, 102.039 atenderam aos chamamentos da Secretaria Municipal de Saúde e se inscreveram pela internet. Mesmo que comprove a comorbidade, quem não se cadastrou, não pode receber o imunizante na capital mineira.
A situação acendeu alerta no Conselho Municipal de Saúde. O médico Bruno Pedralva, secretário-geral do grupo, avalia que o problema afeta, principalmente, as famílias mais pobres, que não têm acesso à internet.
— As pessoas com mais problemas e mais frágeis não estão sendo vacinadas, seja por desconhecimento do processo, por não saber que chegou sua vez, ou seja pela burocratização como a necessidade de ter que fazer este cadastro.
A prefeitura admite que estas pessoas sem conexão à rede podem estar entre os não atendidos. No entanto, o subsecretário de Promoção e Vigilância à Saúde, Fabiano Pimenta, avalia que o número de moradores nesta situação não teria um impacto tão grande.
— A gente tem uma pequena amostragem e, felizmente, o tamanho desta camada da população não é tão relevante porque cada um arruma uma alternativa para fazer o cadastro. Ainda não temos o diagnóstico do que pode estar causando esta diferença, mas vamos buscar todos os mecanismos necessários para que todas as pessoas com comorbidades sejam vacinadas.
Solução
Entre as medidas prometidas pelo gestor, está a reabertura do cadastro “quantas vezes forem necessárias”. Isto, porque a ficha virtual não fica disponível todos os dias. Até hoje, ela foi liberada duas vezes: entre os dias 30 de abril e 3 de maio e entre os dias 13 e 18 de maio. A prefeitura alega que é preciso fazer a inscrição seriada para planejar a distribuição de doses para cada posto de atendimento.
Outra proposta é enviar os agentes de saúde à casa dos moradores da região que tenham comorbidades e sejam acompanhados pelos postos para verificar se fizeram a inscrição. Assim, a secretaria espera atingir a população sem acesso à internet.
Executadas estas alternativas, Pimenta explica que a prefeitura vai avaliar se, de fato, toda população com doença preexistente foi atendida, já que, segundo ele, pode haver diferença no tamanho estimado do grupo.
— Algumas pessoas já podem ter sido vacinadas por terem mudado de faixa etária e terem sido enquadradas no critério de idade ou por fazerem parte de grupos como profissionais da saúde e forças de segurança, que já estão sendo imunizados.
Leia também
BH destina ‘sobras’ da vacina a cadastrados em grupos prioritários
Vacina deve chegar à população em geral de BH até o início de agosto
Apesar das propostas da prefeitura, o médico Bruno Pedralva defende que o cadastro não deveria ser necessário e convoca a população para buscar informações junto aos postos de saúde.
— Precisamos desburocratizar o processo. Enquanto isto não ocorre é importante que, mesmo sem o cadastro, o morador vá ao centro de saúde para que os profissionais avaliem sua situação e indiquem se têm ou não direito à vacina no momento.
Veja a lista de comorbidades com direito à vacina:
• Diabetes mellitus
• Pneumopatias crônicasgraves
• Hipertensão Arterial Resistente (HAR)
• Hipertensão arterial estágio 3
• Hipertensão arterial estágios 1 e 2 com lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade
• Insuficiência cardíaca (IC)
• Cor-pulmonale e Hipertensão pulmonar
• Cardiopatia hipertensiva
• Síndromes coronarianas
• Valvopatias
• Miocardiopatias e Pericardiopatias
• Doenças da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
• Arritmias cardíacas
• Cardiopatias congênita no adulto
• Próteses valvares e Dispositivos cardíacos implantados
• Doença cerebrovascular
• Doença renal crônica
• Imunossuprimidos
• Anemia falciforme
• Obesidade mórbida
• Síndrome de down
• Cirrose hepática
• Doenças raras que causam deficiências intelectuais e/ou motoras e cognitiva