Vacinação continua fundamental, mas medidas de proteção adicionais são necessárias
Emily Elconin/Reuters
Pessoas vacinadas com infecções leves pelo coronavírus também podem apresentar Covid-19 longa com problemas no coração, cérebro ou pulmões, entre outras partes do corpo, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira (24) na revista Nature Medicine.
A pesquisa, realizada por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis (EUA) e do Sistema de Saúde de St. Louis, alerta que, apesar da existência de vacinas, é preciso ter mais ferramentas contra o vírus.
O estudo, feito com dados de mais de 13 milhões de casos, concluiu que ser vacinado contra o vírus Sars-CoV-2 reduz em 34% o risco de morte e em 15% o risco de desenvolver Covid longa.
Também mostrou que as vacinas são eficazes na prevenção de algumas das manifestações mais preocupantes da Covid longa (distúrbios pulmonares e de coagulação do sangue), que diminuíram 49% e 56%, respectivamente, entre os vacinados.
No entanto, embora as vacinas continuem sendo de vital importância na luta contra a Covid, “elas fornecem apenas proteção modesta contra a Covid longa”, explica Ziyad Al-Aly, primeiro autor do estudo e epidemiologista clínico da Universidade de Washington.
Portanto, “agora que sabemos que a Covid pode ter consequências persistentes na saúde, mesmo entre os vacinados, devemos avançar para o desenvolvimento de estratégias de mitigação que possam ser implementadas a longo prazo, porque não parece que a Covid vá desaparecer em breve”, complementa Al-Aly.
Tais estratégias podem incluir vacinas nasais – mais eficazes e potentes que as atuais – ou outros tipos de vacinas ou medicamentos que visem minimizar os riscos de Covid longa.
“Pegar Covid-19, mesmo entre pessoas vacinadas, parece quase inevitável hoje”, alerta Al-Aly, que aponta que entre 8% e 12% das pessoas vacinadas podem desenvolver Covid longa.
No futuro, a doença “provavelmente deixará um grande número de pessoas com condições crônicas e potencialmente incapacitantes que não são tratadas, afetando não apenas sua saúde, mas também sua capacidade de trabalho, sua expectativa de vida, produtividade e bem-estar social”, avança o investigador.
Desde o início da pandemia, mais de 524 milhões de pessoas em todo o mundo foram infectadas pelo vírus; deles, mais de 6 milhões morreram, mais de um milhão só nos Estados Unidos.
O estudo, de 13 milhões de afetados, principalmente homens brancos mais velhos, não incluiu dados relacionados à variante Ômicron que começou a se espalhar rapidamente no final de 2021.
Os pacientes foram classificados como totalmente vacinados se tivessem recebido duas doses das vacinas Moderna ou Pfizer-BioNTech ou uma dose da vacina Johnson & Johnson/Janssen, pois as doses de reforço ainda não haviam sido dadas no momento da pesquisa.
Entre outras descobertas, o estudo confirmou que além de complicações no coração, cérebro e pulmões, a Covid persistente também causa distúrbios nos rins, na coagulação sanguínea, na saúde mental, no metabolismo e nos sistemas gastrointestinal e musculoesquelético.
Além disso, a análise de 3.667 pacientes vacinados e hospitalizados com quadros mais graves de Covid mostrou que eles tinham um risco 2,5 vezes maior de morrer do que pessoas hospitalizadas com gripe.
Eles também tiveram um risco aumentado de 27% de Covid longa nos primeiros 30 dias após o diagnóstico em comparação com 14.337 pessoas que foram hospitalizadas com gripe sazonal.
Os pesquisadores também compararam os resultados de saúde de longo prazo com um grupo de controle pré-pandemia de mais de 5,75 milhões de pessoas (e que nunca tiveram Covid porque ainda não existia) e descobriram que aqueles que tiveram Covid enfrentaram riscos significativamente mais altos de morte e doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas e renais.
“A constelação de descobertas mostra que a carga de morte e doença experimentada por pessoas com infecções avançadas de Covid-19 não é trivial”, concluiu o autor.
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