Contato entre turistas de diversos países contribui para proliferação de vírus
Gleb Garanich/Reuters – 14.6.2018

A volta da Copa da Rússia pode potencializar o surto de sarampo no Brasil. O país, que já registra surto da doença em três Estados – Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul –, corre o risco de ter uma ampliação da doença após o Mundial, segundo o hospital Sírio-Libanês.

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O hospital informa que entre janeiro e abril deste ano a Rússia identificou 1.149 casos de sarampo, sendo 42% deles em adultos. Cerca de 65 mil brasileiros viajaram à Rússia para a Copa do Mundo.

“O vírus do sarampo é considerado muito transmissível. Além dos russos, a Copa conta com turistas de diversos países o que propicia o contato com o vírus e sua entrada no Brasil”, explica a infectologista Maura Salaroli de Oliveira, gerente-médica do CCIH (Centro de Controle de Infecção Hospitalar) do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

A transmissão do sarampo pode ocorrer cinco dias antes e cinco dias depois da manifestação dos sintomas. É uma doença extremamente contagiosa, sendo transmitida da mesma forma que a gripe, por meio de gotículas. “Não é preciso encostar em uma pessoa contaminada para contrair o sarampo. Se uma pessoa doente, a dois metros de distância, espirrar, as gotículas podem entrar em contato com a mucosa da outra pessoa, saudável, transmitindo a doença”, afirma.

Segundo a infectologista, o vírus do sarampo da Rússia e do Brasil apresentam diferentes genótipos, mas são da mesma família. A gravidade de ambos é a mesma, assim como sua resposta à vacina. “A vacina é a melhor forma de se proteger contra a doença e de controlar o surto”, diz.

O Brasil foi considerado território livre do sarampo pela OMS em 2016, sendo que o último surto autóctone foi registrado em 2000. Atualmente, há 200 casos confirmados e 177 sob investigação em Roraima, 263 casos confirmados e 1.368 sob investigação no Amazonas, sete casos confirmados no Rio Grande do Sul e quatro sob investigação no Rio de Janeiro, de acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado na última segunda-feira (2).

A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo emitiu alerta nível 3, o mais alto da escala, para risco de surto da doença, sobretudo por causa da Copa da Rússia.

“No momento, vivemos uma situação de reintrodução do sarampo no Brasil. A cobertura vacinal de ao menos 95% da população, o que não vem acontecendo nos Estados, é a forma mais eficaz de proteção contra a doença. Toda vez que há a diminuição da imunização, é preciso ter vigilância dos casos, pois isso é o que propicia o início de um novo surto”, afirma.

Vírus foi importado da Venezuela

De acordo com o Ministério da Saúde, os casos registrados em Roraima e no Amazonas estão relacionados à migração de venezuelanos para a região. A OMS afirma que os primeiros casos da doença em território brasileiro este ano foram de cidadãos venezuelanos não-vacinados.

A Venezuela é o país que mais registrou casos da doença no ano passado, ainda segundo a OMS. Foram 727. Os outros países da América com registro de sarampo foram Argentina, com 3 casos, Canadá, com 45, e Estados Unidos, com 120.

“Quem não lembra se foi imunizado pode tomar a vacina novamente. Lembrando que são duas doses e que a vacina é feita de vírus vivo atenuado, sendo contraindicada para alguns grupos como gestantes e imunodeprimidos [sistema imunológico enfraquecido]”, afirma.

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Também é possível verificar se já tomou vacina ao longo da vida por meio de exame de sangue, que vai indicar se o corpo está imune ou não a vírus.

Na infância, a primeira dose da vacina do sarampo, chamada de tríplice viral, que inclui proteção contra sarampo, caxumba e rubéola, é recomendada aos 12 meses de idade. A segunda, chamada de quádrupla viral, que engloba sarampo, caxumba, rubéola e varicela, aos 15 meses – 1 ano e 3 meses.

A especialista ressalta que profissionais de saúde e de turismo e pessoas nascidas após 1960, ano em que a vacina foi liberada, precisam tomar doses de reforço – ou seja, mesmo que já tenham sido vacinadas na infância, tomem novamente as duas doses na fase adulta. 

Geralmente a doença se desenvolve de forma mais grave em crianças abaixo de 5 anos e em maiores de 40, podendo até matar devido a complicações como encefalite e pneumonia.

O período de incubação do sarampo é de 6 a 21 dias, sendo 13 dias em média. Os sintomas inicias são febre alta, tosse seca e persistente, conjuntivite e coriza. Em seguida, surgem manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés.

O tratamento consiste no alívio dos sintomas e recursos para promovam conforto ao paciente até que o corpo se recupere, como alimentação leve, ingestão de líquidos e repouso.

“Na Copa no Brasil, em 2014, os hospitais receberam recomendação para receber contingência de doenças transmissíveis como coronavírus, infecções meningocócicas poliomielite, sarampo, ebola e chikungunya, com orientação de melhora na capacitação de serviços no pronto-atendimento. No entanto, o país acabou não reportando nenhum agravo em relação a essas doenças”, afirma.

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